RIO - As operações policiais têm aumentado, mas seus resultados letais também. Nem por isso tem se conseguido diminuir números da criminalidade que seguem sua nefasta tendência de alta. Os últimos dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram aumento em todos os indicadores do sistema de metas em relação ao mesmo período do ano passado, sobretudo os homicídios dolosos, que aumentaram 11,7%; os roubos de veículo, 47,5%; os autos de resistência, ou melhor, homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial, 96,7%. A vitimização de policiais em serviço e de folga continua alta: só este ano foram 62.
Os números revelam a fragilização das principais políticas de segurança do Estado, até certo momento exitosas: o programa UPP e o sistema de metas. Mas ambas apoiadas em bases frágeis. A primeira tem base na legitimidade que a polícia obteve enquanto optou por ações distintas das operações de entra e sai, mas que, depois do caso Amarildo, perdeu rapidamente; a segunda, nas altas premiações pecuniárias como fator motivacional, mas o dinheiro sumiu em meio às crises.
A criminalidade percebe e aproveita a tibieza do Estado e avança. E a facção que mais perdeu territórios para a pacificação vem tentando retomar o que acha que lhe pertence. É preciso urgentemente um plano de contingência. Mas, sobretudo, é preciso liderança para conduzir esse plano.
É EX-CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA PM DO ESTADO DO RIO E CONSULTOR EM SEGURANÇA PÚBLICA