Arquitetura global muda visual do Rio

Projeção internacional causada por eventos trouxe à capital fluminense projetos de prédios de alguns dos mais importantes nomes da área

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Por Clarissa Thomé; Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - O norte-americano Richard Meier, a iraquiana Zaha Hadid e o britânico Norman Foster têm mais em comum do que o prêmio Pritzker, o Nobel da arquitetura, e o fato de projetos seus estarem espalhados pelo mundo: os três assinam prédios no Rio

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Graças à projeção internacional trazida pelos eventos internacionais, a capital fluminense se credenciou para o rol de cidades globais com construções grifadas há dois anos. A partida foi com a Cidade da Música, desenhada pelo francês Christian de Portzamparc, que também tem um Pritzker.

Inaugurada como Cidade das Artes, vencida uma década de edificação, atrasos e auditorias, a casa de espetáculos, na Barra da Tijuca (zona oeste), foi a primeira de uma série de obras estreladas a ficar pronta. A segunda foi o prédio comercial Leblon Offices (Leblon, zona sul), assinado por Meier e entregue em julho. Entre os próximos lançamentos, há dois na Praia de Copacabana (zona sul): o Museu da Imagem e do Som, do escritório norte-americano Diller Scofidio + Renfro, que deve ser finalizado até junho de 2016; e o Residencial Casa Atlântica, na Praia de Copacabana, cujo traçado é de Zaha Hadid. Este só começa a subir em novembro. 

Três ficam na área portuária: o Museu do Amanhã, projeto do espanhol Santiago Calatrava, prometido para este semestre; o paisagismo e urbanismo da orla da região, coassinado pelo escritório espanhol Alonso Balaguer Riera, que já resultou na reabertura da Praça Mauá, domingo passado; e o Edifício Pátio da Marítima, do escritório de Norman Foster e previsto para 2016.

A lista tem ainda o Parque Olímpico, na Barra, planejado pelo grupo inglês Aecom, vencedor do concurso internacional realizado pela Empresa Olímpica Municipal e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). O parque está sendo construído para os Jogos Olímpicos, em agosto do ano que vem.

Nesses empreendimentos, os estrangeiros trabalham em parceria com arquitetos e engenheiros locais. A carioca RAF Arquitetura está em dois deles – o Leblon Offices, de Meier, e o Pátio da Marítima, de Foster. O primeiro chama a atenção pelas características dos projetos do americano: um prédio de dez andares em branco, vidros transparentes e as brizes, que permitem controlar a entrada de luz e garantem privacidade. A fachada recuada da rua foi contribuição da equipe carioca.

“Meier tem um estilo muito característico. Perguntamos para ele: por que branco? Ele explicou que a base branca acaba permitindo, no decorrer do dia, com a luz batendo, que o prédio possa receber outros tons, do pôr-do-sol, de um dia mais cinza. O branco é um fundo para outras cores. Já Foster tenta se adequar mais à região em que está. Tem uma marca própria, mas criada para o local”, disse Flávio Kelner, sócio da RAF.

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No caso de Foster, famoso por obras como a da renovação do Parlamento Alemão, a Tishman Speyer, incorporadora norte-americana presente do Brasil, repetiu a associação desenvolvida para o Hearst Tower, que em 2004 se integrou ao conjunto de arranha-céus de Nova York. “Com esse histórico de sucesso, um projeto como o do Pátio da Marítima, foi um movimento mais do que natural”, disse o presidente da Tishman Speyer no Brasil, Daniel Cherman.

Com 18 andares e vista para a Baía de Guanabara, o Corcovado e o Pão de Açúcar, o prédio comercial, que nasce com a pretensão de se tornar mais um ponto turístico da cidade. Serão duas torres retorcidas a se encontrar no topo. Um térreo aberto, com uma ampla praça, foi pensado para ser um convite à região do porto – cuja revitalização foi turbinada pela reinauguração da Praça Mauá. 

Essa requalificação da orla da região, de 2,5 km de extensão, foi desenvolvida pelo escritório Alonso Balaguer Riera, que coleciona mais de 700 projetos em 15 países, com o carioca Blac. O objetivo é tornar atraente ao público uma paisagem que por décadas ficou escondida pelo Elevado da Perimetral, demolido nos últimos dois anos. “É uma área da qual o carioca nunca desfrutou”, disse o arquiteto João Pedro Backheuser, da Blac. “A presença de escritórios globais é benéfica porque eleva o padrão de qualidade do mercado brasileiro. Isso valoriza a cidade. Todo arquiteto do mundo sonha em construir no Rio.”

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