Auxiliar de enfermagem disse que equipe sabia que atenderia um bebê

Funcionária acompanhava a médica Haydée Marques da Silva, que se recusou a atender a criança por não ser pediatra; menino acabou morrendo horas depois

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Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - A técnica de enfermagem que acompanhava a médica Haydée Marques da Silva prestou depoimento nesta terça-feira, 13, à Polícia Civil do Rio no inquérito que investiga a morte de Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e 6 meses. 

A criança morreu na última quarta-feira, 7, uma hora e meia depois que a médica se recusou a atendê-lo. Breno sofria de doença neurológica, recebia atendimento no sistema de home care e morreu enquanto aguardava o socorro, depois de aspirar o próprio vômito. Haydée, de 66 anos, deve ser indiciada por homicídio culposo (não intencional) ou doloso (intencional).

A médica prestou depoimento nesta segunda-feira Foto: FÁBIO MOTTA/ESTADAO

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Segundo a delegada Isabelle Conti, da 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga o caso, a técnica de enfermagem contou que, desde que a ambulância foi chamada, a equipe sabia que o paciente era um bebê. A médica havia afirmado só ter descoberto quem era o paciente na porta do condomínio onde ele morava, na Barra, e ter se recusado a atendê-lo porque não era um caso grave e ela não é pediatra.

Conforme a técnica de enfermagem, no entanto, toda a equipe médica recebeu pelo celular informações sobre o atendimento para o qual haviam sido convocados. Segundo essas primeiras informações, a criança não corria risco de morte naquele momento. Ela havia sido diagnosticada com gastroenterite.

A delegada pretende esclarecer se a médica tinha noção do risco que a criança corria e da necessidade de prestar atendimento naquele momento. Em depoimento nesta segunda-feira, 12, Haydée afirmou que o menino não corria risco de morte e que não se sente responsável pela morte dele. "Fui atender um bebê que não corria risco de vida, que tinha um profissional de saúde em casa (a técnica de enfermagem do home care). Quando há um código vermelho que fala sobre risco de morte eu atendo, mesmo não sendo pediatra. A classificação de risco neste caso era baixa. Me foi passado pela técnica que era uma gastroenterite, com neuropatia. Não estou arrependida porque não fiz nada de errado. Estou triste e muito abalada pela criança ter morrido. Não acho que tenha sido responsabilidade minha a morte da criança", disse Haydée.

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