PUBLICIDADE

Cedae já foi condenada por expor população do Rio a água inapropriada

Condenação aconteceu em junho de 2019; laudos atestavam que, entre 2009 e 2014, a água distribuída esteve fora de padrões de potabilidade. Nesta sexta, Ministério Público instaurou inquérito pela crise no abastecimento

Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO DE JANEIRO - A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) foi condenada pela Justiça do Rio, em junho do ano passado, por expor a população ao contato com água inapropriada para consumo, em ação movida pelo Ministério Público. Laudos técnicos atestam que, entre 2009 e 2014, a água distribuída esteve, por diversas vezes, fora dos padrões de potabilidade determinados pelo Ministério da Saúde.

Cedae já foi condenada em 2019 por expor população ao contato com água inapropriada para consumo Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

PUBLICIDADE

A condenação determinou a elaboração de um plano “que garanta a avaliação periódica do sistema, monitoramento operacional efetivo e gestão e comunicação das informações internamente e, principalmente, para alertar possíveis riscos a que a população possa estar exposta”. Diante da nova crise da qualidade da água que teve início neste ano, a Justiça está cobrando da companhia que apresente “de imediato” o plano pedido em junho passado.

Na ocasião foi fixada também uma indenização de R$ 50 mil a título de danos morais coletivos, a ser paga ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental. A Cedae recorreu.

“No entanto, diante da crise no abastecimento instaurada desde o dia 2 de janeiro, quando diversos relatos de alteração nos padrões de qualidade da água foram feitos por moradores de diferentes bairros do município do Rio e da Baixada Fluminense, o Ministério Público entrou com pedido de cumprimento provisório da sentença”, informou o Tribunal de Justiça, em nota divulgada nesta sexta-feira.

Procurada, a Cedae ainda não se manifestou.

Nova ação

Nesta sexta-feira, 24, o Ministério Público do Estado de Rio (MPRJ) instaurou inquérito civil público para apurar danos materiais e morais gerados pela Cedae por conta do gosto e cheiro da água que está chegando à população desde o início do mês. Para o MP, houve uma falha na prestação do serviço de fornecimento de água, além de um prejuízo à população, que vem comprando água mineral para beber e cozinhar.

Publicidade

Em nota, Cedae informou que ainda não foi notificada, mas afirmou "que vai colaborar - como sempre colaborou - com o Ministério Público, fornecendo todas as informações necessárias e prestando todos os esclarecimentos devidos." 

Desde o início de janeiro, a população fluminense reclama que a água fornecida pela Cedae está com gosto e cheiro deterra. Em alguns bairros da capital e municípios da Baixada Fluminense, o produto sai turvo das torneiras. A empresa informou que as alterações são causadas pela presença de geosmina  -- um composto orgânico formado por algas. A companhia diz que a água não faz mal. Mas a UFRJ afirma que há riscos à saúde da população no produto fornecido pela empresa. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.