
27 de novembro de 2010 | 18h31
RIO - A chegada de um ônibus da Polícia Militar com 15 presos detidos durante a operação no Complexo do Alemão causou tumulto e confusão na 21ª Delegacia da Polícia Civil, no bairro do Bonsucesso. Familiares dos detidos, que esperavam havia horas no local, protestaram contra a falta de informações e também contra as prisões, que consideraram injustas. Eles alegavam que os detidos não eram bandidos.
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Já o delegado titular da delegacia, Pablo Sartori, se negou a receber os presos, alegando que eles deveriam ser encaminhados para 22ª delegacia. Argumentou também que sua unidade já estava lotada com outros nove presos vindos do Alemão. Até as 18 horas, somente dois dos presos tinham sido liberados.
Os presos negaram que tivessem se entregado às forças policiais. "Entregar para quê, aqui não tem nenhum bandido", gritou um deles. No fim, prevaleceu a determinação do delegado e o ônibus seguiu para a outra delegacia. Carlos André de Freitas Rodrigues, um dos que foram liberados, disse que tinha sido confundido com um traficante porque tem orelha torta. "Disseram que eu podia estar com documentos falsos", afirmou.
O comerciante José Rodrigues Sobrinho, dono de um mercadinho, também buscava informações sobre dois empregados seus, que estariam entre os presos. "Eles têm carteira assinada", afirmou. O delegado disse aos familiares que podiam ir embora. "Hoje não vão poder falar nem visitar. Quem não tem pendência vai ser liberado, mas na hora que der". Ele avisou ao aposentado Severino Ramos, de 63 anos, que sua sobrinha Marcela, de 19, iria ficar detida. "Ela está namorando um criminoso, o senhor não viu isso?", perguntou.
No fim da tarde, a Polícia Militar informou oficialmente, que, diferentemente do que foi divulgado ao longo do dia, não houve rendição de nenhum suspeito. Chegou a ser divulgado um ponto no qual os traficantes poderiam se apresentar, com suas armas, mas isso não aconteceu.
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