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Comoção e revolta marcam enterro de menina morta por bala perdida no Rio

Durante o velório, um grupo segurou cartazes pedindo paz, justiça e questionando a atuação da Polícia Militar

Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

RIO - Num misto de comoção e revolta, a estudante Vanessa dos Santos, de 11 anos, foi sepultada no início da tarde desta quinta-feira, 6, no cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio. Ela foi morta dentro de casa na última terça-feira em tiroteio na favela Boca do Mato, no Complexo do Lins, também na zona norte. No momento em que o corpo era colocado no túmulo, familiares e amigos gritaram em coro por "justiça".

Enterro da estudante Vanessa dos Santos, de 11 anos, na tarde desta quinta-feira, 6, no Cemitério de Inhaúma Foto: Fábio Motta/ESTADÃO

Cerca de 200 pessoas acompanharam o enterro. Durante o velório, um grupo segurou cartazes pedindo paz, justiça e questionando a atuação da Polícia Militar, sobretudo nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Vanessa dos Santos foi vítima de uma bala perdida. 

Ela foi vÍtima de bala perdida, na porta de casa, durante confronto entre traficantes e policiais Foto: Fábio Motta/ ESTADÃO

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A PM afirma que trocava tiros com traficantes da favela quando a menina foi atingida, mas vizinhos contestam a versão e acusam que o tiro que atingiu a garota partiu de um policial militar.

Pai de Vanessa, Leandro Monteiro de Matos lamentou a ação da polícia. "Sempre foi assim. Nem dentro da sua casa você tem liberdade", disse Matos, enquanto era amparado por amigos. "Eles (policiais) não batem na sua porta. O sentimento é de revolta. Alguém lá em cima que trabalha pra isso, que ganha pra isso, que tem inteligência pra isso, que mude isso. Não está dando certo. UPP não é mais pra existir há muito tempo. Está morrendo muita gente inocente."

Tatiana Lopes, tia de Vanessa, também criticou a ação da PM. A menina foi morta quando os policiais estavam dentro da casa onde ela morava. 

"Se foi tiro deles (policiais), se foi de outra pessoa, pra mim não interessa. O que interessa é que, se eles não tivessem entrado na casa, minha sobrinha hoje estava viva. Não interessa se eles apertaram o gatilho; direta ou indiretamente, eles apertaram", sustentou.

Vanessa dos Santos era aluna do quinto ano da Escola Municipal José Eduardo de Macedo Soares, no Lins de Vasconcelos. Na terça-feira, ela deixou a escola às 14h30. Foi baleada em casa cerca de três horas mais tarde. As aulas na instituição de ensino, que abriga 400 alunos, estão suspensas.

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