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Complexo do Alemão tem novo tiroteiro; teleférico é fechado

Ataque seria retaliação à morte de Matheus Silva dos Santos, de 18 anos, morto na tarde de domingo em troca de tiros com PMs

Por Tiago Rogero
Atualização:
Cerca de 12 mil passageiros que usam diariamente o teleférico ficaram sem o transporte, fechado desde quinta-feira por falta de segurança para operar Foto: Marcos de Paula/Estadão

RIO - Depois de mais um fim de semana violento, com ataque à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), um novo tiroteio nesta segunda-feira, 21, deixou cerca de 7 mil crianças e adolescentes sem aulas no complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio. Os cerca de 12 mil passageiros que usam diariamente o teleférico também ficaram sem o transporte, fechado desde quinta-feira por falta de segurança para operar. Do início do ano até agora, em pelo menos dez dias o teleférico teve de ser fechado por causa de tiroteios.

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Segundo a concessionária Supervia, que administra o teleférico - construído por meio do Programa de Aceleração do Crescimento e inaugurado pela presidente Dilma Rousseff em julho de 2011 -, técnicos inspecionam os equipamentos para garantir a segurança dos passageiros e a eficiência operacional do sistema. Os 6.930 alunos que ficaram sem aulas são de escolas estaduais (550) e municipais (6.380, de 12 escolas, 5 creches e 8 Espaços de Desenvolvimento Infantil, os EDIs).

Com os ataques, o policiamento teve de ser reforçado nesta segunda no Alemão, que conta com quatro UPPs - no complexo da Penha, logo ao lado, há outras quatro. Só neste ano, cinco PMs morreram em trocas de tiros com traficantes na região. Nesta segunda, militares patrulhavam o Morro do Alemão - uma das 15 comunidades que integram o complexo - quando, segundo a PM, “se depararam com criminosos armados que atiraram contra os agentes”. Os PMs revidaram e dois suspeitos foram presos.

O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, admitiu que a PM não consegue transitar com “tranquilidade” pelo Alemão. “Mas a polícia está lá e é maioria. Nós não vamos voltar atrás nessas ações. Infelizmente, vamos passar por cenas dessa natureza porque desmanchar um quadro de criminalidade do tamanho que nós tínhamos no Rio de Janeiro não vai acontecer de uma hora para outra”, disse.

Ataques. Na noite de domingo, 20, por volta das 20h30, traficantes dispararam contra um contêiner onde funciona uma base avançada da UPP, na Rua Canitá, também no Morro do Alemão. Um soldado que estava dentro do alojamento foi baleado no abdômen e encaminhado para o hospital estadual Getúlio Vargas, depois para o Hospital Central da PM. Até a noite desta segunda, ele permanecia internado sob observação, de acordo com a polícia.

No ataque, uma viatura da PM estacionada ao lado da base da UPP foi atingida próximo à bomba de combustível e pegou fogo. A labareda atingiu a fiação elétrica e também o contêiner, parcialmente. 

Os ataques seriam uma retaliação à morte de um suspeito e prisão de outro (que também não resistiu aos ferimentos e morreu, nesta segunda). Por volta de 14 horas de domingo, segundo a polícia, militares faziam patrulhamento quando foram surpreendidos por um grupo de traficantes armados. Matheus Alexandre Silva dos Santos, de 18 anos, que morreu após a troca de tiros, estaria com uma pistola 9mm e um carregador, de acordo com a PM.

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Na madrugada de sábado, 29, Diogo Wellington Costa, o Bebezão, de 28 anos, suspeito de tráfico de drogas, estava em uma festa na comunidade e foi abordado quando saía por policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Ele tentou fugir, houve troca de tiros e Costa foi ferido no abdômen. Ele chegou a ser internado e passou por uma cirurgia, mas não resistiu.

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