Atualizada às 16h47
RIO - A família da dançarina Amanda Bueno, assassinada pelo noivo, Milton Ribeiro, na quinta-feira passada, 16, divulgou gravações de mensagens enviadas por ela horas antes do crime. Nelas, chorando Amanda dizia que voltaria para casa da mãe, em Goiás, em dois dias. "Mãe, por favor, não viaja que eu preciso chegar em casa e te dar um abraço", pediu Amanda, em lágrimas. Em tom angustiado, disse ainda: "Mãe, eu nem vou te falar o que aconteceu, mas eu 'tô' indo embora. Mãe, não viaje, por favor. Eu vou chegar aí em casa até sábado".
As mensagens de áudio foram mandadas pelo aplicativo WhatsApp para a mãe de Amanda, Iraídes Maria de Jesus, e fornecidas pela irmã da dançarina, Valsirlândia Lopes Sena, à emissora de TV Anhanguera, de Goiás. A família mora em Anápolis, distante 55 quilômetros de Goiânia. O corpo foi enterrado no domingo no município de Trindade.
Amanda (nome artístico de Cícera Alves de Sena) tinha 29 anos e morava havia quatro no Rio, cidade em que trabalhava como dançarina de funk, para melhorar de vida. Vivia com Ribeiro na casa dele, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. No dia 19, domingo, o casal ficou noivo. Uma briga por ciúme teria sido o motivo do assassinato. Segundo a versão do criminoso, na segunda-feira Amanda lhe confessou que havia se prostituído quando morava em Brasília, o que teria gerado uma discussão.
Na quinta-feira, conforme mostram imagens gravadas por uma câmera de TV da casa de Ribeiro, ele imobilizou a noiva no chão da área externa do imóvel, bateu a cabeça dela no chão, deu coronhadas em sua cabeça e atirou em seu rosto com uma pistola e uma espingarda. Depois do crime, ele roubou um carro para tentar fugir, e o veículo capotou. Preso depois do acidente, Ribeiro confessou o assassinato. Disse estar arrependido do crime. Foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima, agravado pelo novo crime de feminicídio. Desde março, a lei 13104/15 define como crime hediondo a morte violenta de mulheres por motivo de gênero.
O advogado do assassino, Hugo Assunção, considera a tipificação exagerada. "Ele vai responder por seus atos, mas eles não moravam juntos, então não se configura a violência doméstica, nem tinha raiva de mulher para enquadrar como feminicídio. Não é um monstro, e não foi por motivo fútil." Assunção disse ainda que o cliente tem autorização do Exército para ter seis armas em casa.
O delegado Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, informou nesta segunda que o inquérito será concluído esta semana. Nele, vai sugerir à Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado que investigue possível ligação de Ribeiro com milicianos. Ele é dono de uma cooperativa de vans que trafegam na Baixada Fluminense. Tinha em casa uma espingarda e quatro armas curtas.