Delegado que atirou em fiel evangélico recebe liberdade provisória

Segundo Tribunal de Justiça, Henrique Pessoa foi solto porque não houve pedido de conversão da prisão em flagrante para preventiva

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Por Fabio Grellet e Thaise Constancio
Atualização:

Atualizado às 11h10

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RIO - O delegado Henrique Pessoa, da 79ª Delegacia de Polícia (Jurujuba, em Niterói), que atirou em um homem na porta do 5º Juizado Especial Cível, dentro de um shopping em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, recebeu liberdade provisória concedida pelo juiz Vinícius Marcondes de Araújo, do plantão judiciário.

O delegado passou a noite em uma cela na 13ª DP (Copacabana), onde o caso foi registrado. A liberdade provisória foi concedida porque não houve pedido de conversão da prisão em flagrante para preventiva, explicou a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Pessoa foi detido nesta quarta-feira, 3, após um audiência. Segundo a Polícia Civil, o delegado, que integra Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), move uma ação contra o pastor Tupirani Lores, da Igreja Geração Jesus Cristo, situada no Santo Cristo, na região central do Rio. Pessoa alega que vem sendo perseguido pelo pastor e seus fiéis e pede indenização por danos morais.

Ao fim da audiência desta quarta-feira, por volta das 16h, um grupo de fiéis dessa igreja aguardava o delegado na porta do Juizado e teria recebido Pessoa aos gritos. Sentindo-se ameaçado, ele tirou o revólver, apontou para o chão e atirou, segundo a versão apresentada à polícia. O tiro ricocheteou e atingiu Carlos Gomes, de 29 anos, no abdome.

Gomes foi levado ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, na zona sul, e não corre risco de morte. Ele permanece em estado estável, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

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O delegado foi cercado pelos fiéis, também foi agredido e, por isso, foi atendido no Hospital Copa D'Or para tratar escoriações antes de ser encaminhado para a 13ª DP.

Segundo a Polícia Civil, a Corregedoria Interna da instituição acompanha o caso.

Perseguição. Conforme a polícia, Henrique Pessoa afirma que começou a ser perseguido pelo pastor e por fiéis da igreja após ter investigado um ataque praticado por Tupirani contra o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete, na zona sul, em 2008. Ele estaria sendo alvo de ataques à honra por meio de redes sociais e por isso move cerca de dez ações contra pessoas ligadas à igreja.

Na época, o pastor Tupirani Lores e o fiel Afonso Henrique Alves Lobato foram as primeiras pessoas a serem presas por intolerância religiosa, mas ficaram presos apenas um mês.

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