Delegados do Rio fazem ato por autonomia administrativa

Agentes da PF porém, não participaram do ato; servidores alegam que proposta defende somente os interesses dos delegados

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Por Constança Rezende
Atualização:

RIO - Cerca de 40 delegados da Polícia Federal do Rio fizeram um ato na praça Mauá, na zona portuária do Rio, nesta sexta-feira, 18, por mais autonomia administrativa e orçamentária. Na manifestação, que foi replicada em outros estados do País, eles colheram assinaturas para a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 412/2009, que garante estes peritos. Eles também usaram o protesto para comemorar os dois anos do início da operação Lava Jato.

De acordo com o diretor regional da Associação dos Delegados do Rio, Luiz Carlos Cruz, ter mais autonomia orçamentária vai ajudar a polícia a fazer mais operações. “Hoje, 50% do orçamento da Polícia vai para o combate ao tráfico de drogas. Os outros 50% ficam para todo o resto, como operações contra corrupção, crimes ambientais, emissão de passaporte e policiamento marítimo. Isso poderia ser melhor remanejado”, afirmou.

Delegados da Polícia Federal protestam na Praça Mauá, centro do Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

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Os delegados também pedem que a polícia vire uma autarquia, o que reduziria a sua subordinação ao Ministério da Justiça. “Toda vez que acontece uma operação, temos que pedir a autorização ao Ministério da Justiça e isso demora. Não podemos perder tempo nas operações. Isso dificulta o nosso trabalho”, argumentou.

Os agentes da Polícia Federal, porém, não participaram do ato. De acordo com o presidente do sindicato dos servidores da Polícia Federal do Rio, Luiz Carlos Cavalcante, a proposta não defende os interesses da Polícia Federal, mas dos delegados que representam uma categoria das cinco que existem na instituição.

“Eles não querem autonomia nas investigações. Se a PEC dissesse isso, nós aporíamos. Nesta PEC, eles pedem a equiparação salarial com o Ministério Público e da Justiça. É um oportunismo eles fazerem ato por esta PEC em um momento que o país está desestabilizado. Se ser vinculado ao Ministério da Justiça nos prejudicasse, nós não teríamos feito a Lava Jato, que atingiu todas as esferas do governo”, argumentou.  

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