PUBLICIDADE

Deslizamento em Niterói era difícil de prever, diz serviço geológico

Conclusão é do Departamento de Recursos Minerais; acidente deixou 15 mortos e 22 famílias desalojadas

Por Akemi Nitahara
Atualização:

RIO - O deslizamento do Morro da Boa Esperança, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro era difícil de ser previsto. É o que concluiu o Departamento de Recursos Minerais (DRM), órgão ligado à Secretaria de Estado da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico. O acidente, ocorrido no sábado, 10, deixou 15 mortos e 22 famílias desalojadas.

Equipes trabalham na remoção de entulho em área onde ocorreu deslizamento de encosta no Morro da Boa Esperança Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

PUBLICIDADE

Segundo nota técnica, foram deslocadas 20 mil toneladas de material, entre rocha e solo, em um “deslizamento planar profundo”, ou seja, o local da fratura não foi superficial. A ruptura se desenvolveu com infiltração de água em uma camada de solo em formação por baixo da rocha, tirando o suporte do bloco rochoso, que veio a se romper.

A avaliação foi feita no dia do acidente, e os técnicos apontaram que o local ainda corre risco de novos deslizamentos, já que “existem blocos rochosos individualizados em condição instável, e o maciço como um todo ainda não entrou em equilíbrio”. A orientação é que a Defesa Civil de Niterói monitore o aparecimento de trincas e mantenha a interdição no entorno até uma nova avaliação. As atividades de resgate devem ser suspensas em caso de chuva.

Sociedade Brasileira de Geologia

Em nota, o Núcleo do Rio de Janeiro e Espírito Santo da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), alertou que o mapeamento de risco geológico precisa ser atualizado a cada ano, devido à forma dinâmica como a ocupação do solo é feita nos municípios, sem as condições adequadas de controle e fiscalização pelo poder público.

“Muito se avançou nos últimos anos, mas um verão chuvoso só pode ser motivo de preocupação redobrada, num País em que a conta cai sobre os municípios e Estados”, diz a nota. “Os recursos estão em Brasília. É necessário que sejam descentralizados para que cada um possa fazer melhor o seu papel.” 

A SBG lembra de outros desastres com deslizamentos nas últimas décadas em Niterói: fevereiro de 1985, com um morto; dezembro de 2001, com três mortos; dezembro de 2005, com um morto; fevereiro de 2010, no Morro do Bumba, com 105 mortos; e janeiro de 2013 com mais um morto. A entidade ressalta que após o maior deles ocorreram iniciativas importantes no País.

Publicidade

Apesar da reestruturação e criação de órgãos e do aprimoramento de leis, a SBG alerta, no entanto, que a situação atual é de retrocesso, com a diminuição da importância de órgãos estaduais no Rio de Janeiro, a extinção de outros, como o Serviço Geológico do Paraná (Mineropar), ou a luta para se manter, como o Instituto Geológico de São Paulo.

“As pessoas moram onde é possível. Infelizmente, ocupam áreas inadequadas por absoluta falta de condições e opção real de moradia digna. Este é o retrato do Brasil que é preciso mudar”, destaca a SGB.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.