Dois PMs e mais 9 são presos em operação contra o tráfico no RJ

Dupla é acusada de parte de grupo que atuava na zona norte e era comandada por traficante preso em Bangu

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Por Pedro Dantas e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Após seis meses de investigação e 50 mil escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) prendeu desde a noite de segunda-feira, 10, até a manhã desta terça 10 pessoas da quadrilha que até duas semanas atrás comandava o tráfico na favela Pára-Pedro, em Colégio, na zona norte do Rio. Segundo a polícia, a quadrilha, que contava com dois policiais militares, era chefiada por Lucilene Miguel da Silva, a Tia Lu, de 42 anos, presa nesta terça em termas de sua propriedade, no Centro do Rio, onde duas caixas de munição de calibre 12 e pequena quantidade de cocaína foram apreendidas. "Após a prisão do filho dela, em setembro, ela assumiu o comando do tráfico na favela e comandava à mão de ferro seus subordinados. Além do tráfico, ela coordenava a entrada de drogas e celulares em presídios, a formação de bondes armados para assaltos, corrompia policiais e autorizava a prática de crimes na área", disse a delegada-titular da Dcod, Patrícia Aguiar. Lucilene negou as acusações e disse que é apenas gerente da termas. Ultimamente, Lucilene morava na Rocinha, em São Conrado (zona sul) e organizava a retomada da favela Pára-Pedro de onde sua quadrilha ligada à facção criminosa Amigo dos Amigos foi expulsa há duas semanas por traficantes do Terceiro Comando Puro. Na favela ou na Termas 113, Tia Lu comandava com energia. Nas gravações, ela parece impaciente e reclama com impropérios da lentidão de um comparsa que pedia dinheiro emprestado a moradores da Pára-Pedro. "Vem aqui, p... explica para eles como é", grita a mulher depois de ridicularizar o traficante. Em outra gravação, com uma funcionária da termas identificada como Lia, ela desconfia de um funcionário e sentencia "isso é safadeza, vou mandar matar ele" aos berros. De acordo com a polícia, entre os comandados de Tia Lu, estariam os cabos da Polícia Militar, Jorge Marcos Castilho, do 9.º Batalhão de Polícia Militar de Rocha Miranda, e Claudio Conceição Cahet, lotado no 22.º BPM do Complexo da Maré. Castilho foi flagrado nas escutas em várias conversas com a quadrilha. Em uma delas organiza um assalto contra um empresário para quem prestava segurança junto com dois soldados do Bope, que não tinham ligações com o bando. Cahet era suspeito de ligações com a quadrilha e foi preso ontem em flagrante com quatro armas ilegais, sendo duas delas com a numeração raspada. Além deles, foram presos os irmãos taxistas Leandro e Leonardo Gomes Rocha, acusados de fazer o transporte de armas e drogas para a quadrilha, Celso Lima Viera, Francisco Gutemberg Barbosa Ferreira, Ozias da Silva Oliveira acusados de tráfico e roubos. O filho de Tia Lu, Anderson da Silva Verdan, o Bamba, cumpre pena no presídio Bangu IV junto com Anderson Martins França, o Beá. Fábio José Santana, o Chacal, está preso na 73.ª DP de Neves, em São Gonçalo (Grande Rio). GNV Uma operação da 54.ª Delegacia de Belford Roxo prendeu 22 pessoas de uma quadrilha que vendia kits de gás roubados como se fossem novos. O esquema de fraude contava com cinco empresários, dois donos de oficina e sete funcionários da Inspetoria de Veículos daquele município. Entre os presos, está o ex-secretário municipal de Educação de Nova Iguaçu, Júlio Sabóia. Dono de uma instaladora de kit-gás, ele foi preso em Niterói (Grande Rio) com R$ 64 mil em espécie em casa. Três pessoas do bando continuam foragidos. "Eles roubavam o veículo, depois acontecia a receptação do cilindro de GNV pela instaladora, que falsifica a nota fiscal do serviço de instalação e do cilindro. A empresa corrompe o funcionário da homologadora para aprovar o veículo da vistoria", explicou o delegado-titular da 54.ª DP, Flávio Brito. Texto alterado às 20h06 para acréscimo de informações.

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