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Dois PMs são indiciados por morte de jovem em comunidade do Rio

Polícia Civil pediu prisão preventiva de Ricardo Vagner Gomes e Allan de Lima Monteiro, que vão responder por homicídio e fraude

Por Carina Bacelar
Atualização:

RIO - A Delegacia de Homicídios (DH) da capital fluminense concluiu o inquérito que investigava a morte de Alan Souza de Lima, de 15 anos, e a autoria do disparo que feriu Chauam Jambre Cezário, de 17, na Favela da Palmeirinha, em Honório Gurgel, zona norte do Rio de Janeiro, em fevereiro deste ano. O delegado Giniton Lage optou pelo indiciamento dos policiais militares Ricardo Vagner Gomes e Allan de Lima Monteiro pelos crimes de homicídio e fraude. A unidade também já pediu à Justiça a prisão preventiva dos dois. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público. 

Alan acabou registrando a própria morte e o ferimento do amigo pelas câmeras de seu celular. As imagens mostram que os jovens conversavam na comunidade e começaram a correr por uma brincadeira, quando foram surpreendidos por PMs, que atiraram contra o grupo. O momento em que Alan é atingido foi flagrado, assim como a passagem em que os policiais questionam os jovens sobre o motivo de terem corrido. 

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Inquérito administrativo. Duas semanas antes do fim da investigação civil, o inquérito policial militar (IPM) que apurava o caso foi finalizado. O documento considerou Ricardo Vagner Gomes como culpado pelos disparos contra os dois jovens e concluiu ainda que ele forjou porte de armas por parte dos adolescentes ao apresentar um revólver e uma pistola à 29ª Delegacia de Polícia (Madureira). Na época, a morte de Alan foi registrada como auto de resistência.

Inicialmente, a Polícia Militar negou as imagens do carro onde estava o sargento à Polícia Civil. Elas não só foram utilizadas como determinaram parte das conclusões do IPM. As informações preliminares da PM eram de que não havia registros de gravação no veículo. Um dia após a divulgação da negativa, em nota, a PM afirmou ter fornecido as imagens à DH. 

Administrativamente, Ricardo Vagner Gomes, além de perder o porte de arma e da carteira funcional da PM, responderá no Conselho de Disciplina da corporação por ter mentido aos investigadores sobre a quantidade e a motivação dos disparos e por ter forjado a apreensão de armas na ocasião.

Outros quatro policiais do 9º Batalhão - o tenente Paulo Rodolpho Batista de Oliveira, o cabo Carlos Eduardo Domingues Alves e os soldados Luis Gustavo Rodrigues Antunes e Allan de Lima Monteiro, que atualmente está no 2° Batalhão - serão submetidos ao Comissão de Revisão Disciplinar por terem entrado na comunidade sem permissão e por terem sido coniventes com a postura do sargento Vagner Gomes. 

O celular caiu, mas seguiu gravando e registrou conversa em que policiais militares questionam as vítimas sobre a razão pela qual estavam correndo Foto: Reprodução
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