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Dois policiais militares são investigados por morte de menor no Rio

Após ser apreendido, adolescente foi encontrado morto no morro do Sumaré, no centro da capital fluminense

Por Clarissa Thomé
Atualização:

Atualizada às 20h41

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RIO - Os cabos da Polícia Militar Fábio Magalhães Ferreira, de 35 anos, e Vinícius Lima Vieira, de 32, tiveram a prisão temporária decretada pelo plantão judiciário do Rio na tarde desta quarta-feira, 18. Eles são acusados de terem executado um adolescente de 14 anos, detido por roubo, com um tiro de fuzil na cabeça. O corpo do garoto foi encontrado no Morro do Sumaré, na zona norte da capital fluminense, na madrugada de terça-feira. 

Mateus Alves dos Santos, de 14 anos, e outro adolescente foram detidos no dia 11, quando praticavam assaltos na Avenida Presidente Vargas, região central da cidade. Os garotos não foram levados para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, como é a recomendação para casos como esses. 

O menino que acompanhava Mateus diz que rodaram por cerca de uma hora no carro da polícia e foram levados para o alto do Morro do Sumaré. Lá, foram baleados e arremessados do alto do morro. O adolescente que sobreviveu foi atingido nas costas e na perna. Ele se fingiu de morto e depois fugiu pela mata em direção ao Morro do Turano, no Rio Comprido, na zona norte, e seguiu para o Complexo da Maré, onde mora. Mateus, baleado na cabeça, morreu na hora. 

Mateus Alves dos Santos, de 14 anos, foi encontrado morto com tiro de fuzil Foto: Luiz Ackermann

O caso foi denunciado à Corregedoria da Polícia Militar pelo pai de Mateus, que começou a investigar o caso. Os cabos foram identificados pela câmera interna do carro da PM. As imagens gravadas mostram o momento em que os adolescentes são colocados no banco de trás do carro e os policiais descendo o morro sem os jovens.

O áudio das conversas ainda está sendo analisado. O trajeto do carro também foi rastreado pelo aparelho GPS - os policiais passaram pelo Sumaré. 

Execução. Os cabos foram detidos na noite de terça-feira e prestaram depoimento à Divisão de Homicídios (DH). Para o delegado Rivaldo Barbosa, havia indícios suficiente para pedir a prisão temporária dos policiais. “Para a DH está clara e evidente a participação dos PMs na execução do adolescente”, afirmou Barbosa.

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Ele ressaltou ainda que a colaboração “irrestrita e imediata” da Polícia Militar foi fundamental para se chegar aos acusados do crime. 

O corregedor da corporação, coronel Sidney Camargo de Melo, informou que, além do inquérito aberto pela Polícia Civil, os PMs responderão a Inquérito Policial Militar, na Justiça Militar. O Estado não conseguiu localizar o advogado Marcelo Bruner, que defende os dois policiais militares acusados do crime. Ele não havia recorrido da prisão até as 18h30 desta quarta. 

Candelária. A morte de Mateus acontece às vésperas do 21.º aniversário da Chacina da Candelária. Em julho de 1993, PMs mataram oito crianças que dormiam em marquises próximas à Igreja da Candelária, na Avenida Presidente Vargas. Como Mateus, elas também cometiam pequenos furtos e assaltos na região do centro do Rio. 

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