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Em meio à crise da água, Witzel diz que problema só será resolvido com privatização da Cedae

Governador defende que empresas assumam a distribuição e o esgoto; Estado continuaria com a produção

Por Caio Sartori
Atualização:

RIO - O governador do Rio, Wilson Witzel, disse na noite desta sexta-feira, 7, que o Estado só conseguirá resolver problemas de saneamento se a Cedae for privatizada. O Rio vive uma crise da qualidade da água que já dura mais de um mês, e há uma CPI prestes a ser instalada na Assembleia Legislativa (Alerj) para investigar a empresa e as causas da contaminação da água.

O governador do Rio Wilson Witzel Foto: Mauro Pimentel/AFP

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Witzel afirmou que o Estado investirá R$ 30 bilhões em 20 anos nessa área. Foi quando, contudo, alegou que a solução do problema “só será possível com a privatização da Cedae, pelo menos a distribuição e o esgoto”. Deputados avaliaram, ao longo desta semana, que o retorno do debate sobre a privatização da empresa é inevitável. 

"Hoje nós sofremos uma grave crise de saneamento, e gostaria muito que isso não tivesse acontecido nesse momento do meu governo, mas que bom que aconteceu. Porque eu tenho certeza que os conhecimentos que adquiri com a eficiência que o Judiciário me ensinou... Vamos resolver o problema do saneamento básico do Rio."

Apesar de manifestar preocupação com o saneamento, o governador indicou para conselheiro da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa) um aliado, Bernardo Sarreta, que foi alvo de piadas numa comissão interna da Alerj e foi recusado por unanimidade pelos deputados. 

Na última terça-feira, 4, Sarreta não soube explicar o papel da agência e assumiu que nunca havia lido um livro sobre a área de atuação. O vídeo viralizou. Na quarta, 5, quando o plenário votaria o parecer da comissão, o governo anunciou que havia desistido da indicação. 

Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) Foto: Cedae/ Divulgação

O governador participou da cerimônia de posse da nova diretoria da Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) para o biênio 2020-2021. O novo presidente é Felipe Carvalho Gonçalves da Silva - ele sucede Renata Gil, que hoje está na presidência da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e compareceu à posse do colega. 

O novo presidente fez uma defesa da magistratura e disse que, durante sua gestão, esse será o foco da Amaerj. Segundo Felipe Carvalho, há uma série de pautas no debate nacional que buscam esvaziar a classe. “Quando a Justiça bate na porta dos poderosos, as represálias vêm”, disse.

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Ele também criticou a Lei do Abuso de Autoridade e o prazo que foi estabelecido para a implementação da figura do juiz de garantias. A associação foi uma das responsáveis por pedir ao ministro Luiz Fux, cria da Justiça do Rio e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a suspensão do prazo de seis meses então estabelecido pelo presidente da Corte, ministro Dias Toffoli. 

Para Felipe, o prazo ideal seria de dois anos. Atualmente, está nas mãos do plenário da Corte decidir sobre o tema, já que tanto a decisão de Toffoli quanto a de Fux foram dadas no plantão do Judiciário. 

Fux, inclusive, era presença confirmada na posse desta noite, mas teve um imprevisto e não compareceu. Quem também enviou um representante foi o procurador-geral de Justiça do Rio, José Eduardo Gussem, que é o chefe do Ministério Público. 

Participaram da posse, além de Witzel, o chefe da Defensoria Pública do Rio, Rodrigo Pacheco, o ministro Antonio Saldanha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e o presidente da OAB-RJ, Luciano Bandeira.