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Escuta aponta que mãe de traficante ameaçava comparsas no RJ

Autorizadas pela polícia, gravações telefônicas mostram que 'Tia Lu' ridicularizava traficantes e subornava policias

Por Pedro Dantas e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Gravações feitas durante seis meses de investigações mostram que Lucilene Miguel da Silva, a Tia Lu, de 42 anos, presa na terça-feira, 11, ameaçava comparsas e era cruel em seus negócios. Tia Lu é acusada de comandar uma quadrilha de traficantes que atuava na favela Pára-Pedro, na zona norte do Rio de Janeiro. Ela assumiu o comando do grupo depois que seu filho, Anderson da Silva Verdan, o Bamba, foi preso e encaminhado ao presídio Bangu IV.   "Vem aqui, p... explica para eles como é" grita Tia Lu, depois de ridicularizar um traficante com quem falava ao telefone. Tia Lu foi presa em uma termas de sua propriedade na Rua Buenos Aires, no centro do Rio, onde duas caixas de munição de calibre 12 e pequena quantidade de cocaína foram apreendidas. Em uma outra gravação, ela aparece conversando com uma funcionária da termas, identificada como Lia. Tia Lu desconfia de um funcionário e sentencia "isso é safadeza, vou mandar matar ele" aos berros.   De acordo com a polícia, entre os comandados de Tia Lu, estariam os cabos da Polícia Militar, Jorge Marcos Castilho, do 9º Batalhão de Polícia Militar de Rocha Miranda, e Claudio Conceição Cahet, lotado no 22ºBPM do Complexo da Maré. Castilho foi flagrado nas escutas em várias conversas com a quadrilha. Os dois também foram presos na terça-feira.   No comando   "Após a prisão do filho dela, em setembro, ela assumiu o comando do tráfico na favela e comandava à mão de ferro seus subordinados. Além do tráfico, ela coordenava a entrada de drogas e celulares em presídios, a formação de bondes armados para assaltos, corrompia policiais e autorizava a prática de crimes na área", disse a delegada-titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), Patrícia Aguiar.   Lucilene negou as acusações e disse que é apenas gerente da termas. Ultimamente, Lucilene morava na Rocinha, em São Conrado, na zona sul, e organizava a retomada da favela Pára-Pedro de onde sua quadrilha ligada à facção criminosa Amigo dos Amigos foi expulsa há duas semanas por traficantes do Terceiro Comando Puro.     Em uma das 50 mil gravações autorizadas pela polícia, Tia Lu aparece organizando um assalto contra um empresário para quem prestava segurança junto com dois soldados do Bope, que não tinham ligações com o bando. Cahet era suspeito de ligações com a quadrilha e foi preso, na terça, em flagrante com quatro armas ilegais, sendo duas delas com a numeração raspada.   Além deles, foram presos os irmãos taxistas Leandro Gomes Rocha e Leonardo Gomes Rocha, acusados de fazer o transporte de armas e drogas para a quadrilha; Celso Lima Viera, Francisco Gutemberg Barbosa Ferreira, Ozias da Silva Oliveira acusados de tráfico e roubos.

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