'Essa ocupação foi muito rápida, pareceu só teatro', diz moradora da Rocinha
Sem se identificar e com medo da violência, comunidade diz que foi ameaçada: quem falar vai morrer
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Por Constança Rezende , Roberta Jansen e Roberta Pennafort
Atualização:
RIO - Moradores da Rocinha, na zona sul do Rio, reagiram nesta sexta-feira, 29, com medo ao fim do cerco das Forças Armadas à comunidade, disputada à bala por bandos rivais de traficantes desde o dia 17. Eles temem que a partida dos militares, que cercavam a favela desde o dia 22, resulte na retomada dos confrontos. De um lado estão os cúmplices do atual chefe do tráfico, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, e do outro, os seguidores de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, detento do presídio federal de Rondônia.
Quem mora ou trabalha na favela está inseguro e evita se identificar ao falar. “Não posso dar entrevista, tem muito olheiro espalhado e posso ser punida (pelos traficantes)”, disse uma comerciante. A retirada das tropas de Marinha, Exército e Aeronáutica começou nesta sexta-feira às 3h30 e foi encerrada às 7h30. Outra moradora relatou ao Estado, sob anonimato, a pressão dos traficantes contra os habitantes.
“Os policiais querem que a gente passe informação. Quer dizer, a culpa agora disso tudo é nossa? A polícia sabe de tudo, sempre soube. Sabe onde são as casas dos traficantes, onde fica a academia de ginástica deles, a laje onde eles ficam. Eles fazem reunião com os policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) lá em cima. Isso tudo é uma grande mentira. Eu vou falar o quê? Os meninos (traficantes) já passaram avisando: “Recado do Rogério: quem falar vai morrer”, disse ela.
Intensos tiroteios assustam moradores da Rocinha, uma das maiores favelas do País
1 / 33Intensos tiroteios assustam moradores da Rocinha, uma das maiores favelas do País
Tensão na Rocinha
Guerra entre traficantes na comunidade da Rocinha em São Conrado, zona sul do Rio. Foto: Marcos Arcoverde
Tensão na Rocinha
Guerra entre traficantes na comunidade da Rocinha em São Conrado, zona sul do Rio Foto: Marcos Arcoverde
Tensão na Rocinha
Guerra entre traficantes na comunidade da Rocinha em São Conrado, zona sul do Rio Foto: Marcos Arcoverde
Tensão na Rocinha
Favela da Rocinha registra novos tiroteios na madrugada deste sábado, 23 Foto: Marcos Arcoverde / Estadão
Tensão na Rocinha
Pelo menos 5 criminosos são presos pelo Exército após confronto com a polícia Foto: Marcos Arcoverde/ Estadão
Tensão na Rocinha
Neste sábado, 23, as Forças Armadas realizam o segundo dia de ocupação na Favela da Rocinha; há uma semana, facções rivais iniciaram a disputada pelo ... Foto: Marcos Arcoverde/ EstadãoMais
Tensão na Rocinha
No quinto de operações da Polícia Militar na Favela da Rocinha, um intenso tiroteio assustou os moradores da comunidade Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
Tensão na Rocinha
Soldados em operação na Rocinha. Foto: Leo Correa/AP
Tensão na Rocinha
Oficiais caminham na Rocinha enquanto homens bebem cerveja em um bar em dia violento no Rio. Foto: Leo Correa/AP
Tensão na Rocinha
Forças Armadas enviarma 950 soldados e fuzileiros - apoiados por 14 blindados e um helicóptero pesado. Foto: Marcelo Sayão/EFE
Tensão na Rocinha
Centenas de oficiais das Forças Armadas foram enviados para a favela. Foto: Leo Correa/AP
Tensão na Rocinha
Cidade do Rio de Janeiro tem 1.025 favelas. Rocinha é a mais famosa delas. Foto: Silvia Izquierdo/AP
Tensão na Rocinha
Confrontos entre traficantes e policiais fecharam a Autoestrada Lagoa-Barra, que passa pelos acessos da Rocinha e é a principal via de acesso entre a ... Foto: Wilton Júnior/EstadãoMais
Tensão na Rocinha
Pedestres se protegem da troca de tiros entre criminosos e policiais Foto: Gabriel Paiva/Agência O Globo
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Exército entrou na favela com armamento pesado e veículos blindados. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Exército chegou fortemente armado à maior favela do País. Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Soldados do Exército, da Marinha e da Aeronáutica assumem posições no cerco da favela da Rocinha. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Militar observa movimentação na favela da Rocinha. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Cerca de 950 militares participam das ações no local. Foto: Wilton Junior/Estadão
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Moradores observam a operação policial Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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O clima é tenso entre os moradores da Rocinha Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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A Polícia Militar realiza uma grande operação na Rocinha, em busca do chefe do tráfico da região, Rogério Avelino, o Rogério 157 Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Há policiais militares do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na região Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Todos os acessos da Rocinha estão cercados pela polícia Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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Os colégios públicos e particulares que ficam na região fecharam Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Os criminosos deram tiros a partir da área de mata acima do Túnel Zuzu Angel Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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O Centro de Operações de trânsito avisou que 'devido à operação policial' Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Policial militar usa binóculos para observar a movimentação na Favela da Rocinha Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
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As forças de segurança do Estado, incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), estão avançando n... Foto: Wilton Júnior/EstadãoMais
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Os criminosos chegaram a jogar uma bomba contra policiais, mas o artefato não explodiu Foto: Wilton Júnior/Estadão
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O policiamento é reforçado na região da Rocinha e de São Conrado, na zona sul do Rio Foto: Wilton Júnior/Estadão
Tensão na Rocinha
'Não vamos recuar dentro da Rocinha', disse o governador Luiz Fernando Pezão Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Tensão na Rocinha
'Trinta mil são todo efetivo que o Comando Militar Leste tem. Oficialmente, podemos deslocar 10 mil homens', disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Duas horas depois da saída dos militares, o guardião de piscina Fabrício Manhães foi preso por tentativa de homicídio em uma das vias mais movimentadas da favela após esfaquear Carlos Alexandre da Silva, de 19 anos. Ele disse ter vingado o filho, adolescente, que foi torturado e salvo da morte por fuzileiros navais, na véspera, com um colega.
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Segundo Manhães, seu filho foi espancado, amarrado e queimado por comparsas de Nem porque usava um boné que dizia “Jesus Cristo é o dono do lugar”, o lema de Rogério 157.
Saída
Nesta sexta-feira, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que, se Rogério 157 voltar à Rocinha, as Forças Armadas também retornarão. “Soubemos que ele não estava mais na Rocinha, então não fazia mais sentido manter aquele efetivo lá, paralisado. Estamos organizados para retornar em duas horas, caso sejamos acionados de novo”, afirmou o ministro.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou que, quando pediu a decretação da Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio, Marinha, Exército e Aeronáutica pediram para não permanecer muito tempo nas ações. Seus comandos queriam evitar o que aconteceu nos Complexos da Maré e do Alemão, locais onde protagonizaram longas ocupações.
Para o peemedebista, a presença das Forças Armadas na Rocinha trouxe “avanços significativos” para se chegar à paz na comunidade, apesar de o traficante Rogério 157 continuar em liberdade. “Não entramos na Rocinha apenas para prendê-lo, e sim para levar tranquilidade, para os militares conhecerem o terreno”, disse.
Substituição
O secretário de Segurança, Roberto Sá, explicou que os mil militares serão substituídos por 500 PMs. Os policiais farão operações de cerco em 15 pontos e de contenção em outros 14.
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Além disso, o Comando de Operações Especiais e a Coordenadoria de Polícia Pacificadora ficarão na Rocinha por tempo indeterminado. Segundo o delegado Antônio Ricardo Nunes, da 11.ª DP (Rocinha), 81 criminosos foram identificados e 54 mandados de prisões, expedidos. Onze pessoas foram presas na Rocinha e outras seis estão fora da comunidade.