Estiagem faz Jardim Botânico do Rio suspender plantio de novas mudas

Mesmo com a chuva que caiu sobre a cidade no último fim de semana e ontem, a atividade não tem previsão para ser normalizada

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Por Carina Bacelar
Atualização:
Se a estiagem continuar nos próximos meses, o movimento de turistas, ainda inalterado, deverá ser somado ao de carros-pipa. Foto: Fabio Motta/Estadão

RIO - A estiagem que castiga o Sudeste do País mudou a rotina do Jardim Botânico do Rio, tradicional área verde da zona sul. Com dois meses sem chuvas fortes, o plantio de novas mudas foi suspenso. Mesmo com a chuva que caiu sobre a cidade no último fim de semana e ontem, a atividade não tem previsão para ser normalizada. 

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Com a seca, as espécies vegetais que já estavam plantadas precisaram ser regadas artificialmente por um sistema de canaletas construído no século 19 a partir das águas dos rios dos Macacos e Iglesias - normalmente, a água da chuva é suficiente. Há uma semana, a restrição aumentou, e só as coleções científicas e mudas recentes passaram a ser regadas, segundo o diretor de Ambiente do parque, Claudison Rodrigues.

Ele disse que a situação das nascentes dos rios é preocupante e até a água disponível para essas plantas está ameaçada caso a chuva não volte com intensidade.

“O que a gente viu é que a maioria dos rios contribuintes estava seca.Ficamos dois meses sem chuvas torrenciais e quase não tinha mais água”, afirmou.

O cultivo de orquídeas também sofreu mudanças. Há um mês, centenas de plantas que ficavam sob o tradicional orquidário do local tiveram que ser transportadas para uma moderna estufa doada há quatro meses para o Jardim Botânico. Equipada com um sistema de irrigação informatizado e um imenso ventilador para diminuir a temperatura do espaço interno, permitiu que as plantas, todas de espécies raras, fossem mantidas saudáveis mesmo com a seca. 

“No orquidário, elas eram castigadas. Aqui, se recuperam e vão retornar mais fortalecidas", conta o supervisor de jardinagem, Janilson Santana, que disse estar “angustiado” com a falta de chuvas. “Quando a planta está sentida, a gente também fica.” De acordo com Rodrigues, o parque está perto de firmar parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA) para ações de reflorestamento e contra erosão nas margens de rios, por meio do Programa Produtor de Água.

“Entendo que está tudo certo. Vou procurá-los para que tenhamos um cronograma.” A administração pediu que os funcionários intensificassem a economia de água. Lavagem de pátios está proibida e a atenção para coibir vazamentos, redobrada.

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Se a estiagem continuar nos próximos meses, o movimento de turistas, ainda inalterado, deverá ser somado ao de carros-pipa. “Pode ser que no meio do ano, na época da seca, a situação fique pior”, disse o diretor.

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