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Ex-comandante do 17º Batalhão e outros 15 PMs são presos no Rio

Grupo é acusado de sequestrar e achacar grupo de traficantes de facção criminosa

Por Thaise Constancio
Atualização:

Atualizado às 20h34

RIO - O ex-comandante do 17.º Batalhão de Polícia Militar da Ilha do Governador, na zona norte do Rio, coronel Dayzer Corpas Maciel, e o chefe da 2.ª Seção (P-2) do batalhão, primeiro-tenente Vítor Mendes da Encarnação, foram presos nesta quinta-feira, 9, acusados de comandar o sequestro de dois traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP). Além deles, outros 14 policiais foram detidos e 32 mandados de busca e apreensão, cumpridos. 
Os PMs são acusados de ter exigido mais de R$ 300 mil pelo resgate dos chefes do tráfico do Morro do Dendê, na Ilha, e de Senador Camará, na zona oeste. Os crimes de extorsão mediante sequestro e roubo agravado foram cometidos na noite de 16 de março e flagrados por câmeras de segurança da Base Aérea do Galeão e das viaturas.
Eles seriam próximos dos traficantes Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, e Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, chefes do TCP. “Temos notícias de pagamentos mensais para que não houvesse repressão (do tráfico e transporte irregular)”, disse Fábio Galvão, subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança.

Investigações da Secretaria de Segurança apontaram envolvimento de PMs lotados no 17º BPM com o tráfico de drogas na Ilha do Governador Foto: Pedro Teixeira/Agência O Globo

O Ministério Público Estadual (MPE) “não descarta possível prática de crime de associação ao tráfico de drogas”.
Os policiais foram informados que traficantes armados passariam pela Estrada do Galeão, perto do Aeroporto Internacional Tom Jobim, em um Ford EcoSport vermelho. O carro foi interceptado na frente da cabine da PM da Base Aérea e os cinco traficantes, abordados: André Cosmo Correa Vaz, Rodrigo da Silva Alves, Evenílson Ferreira Pinto, Atileno Marques da Silva, o Palermo, e Rogério Vale Mendonça, o Belo.
Com eles havia quatro fuzis, 18 granadas, três pistolas, oito carregadores e munição. Quando chegou ao local, o primeiro-tenente Mendes assumiu o comando da ocorrência e dividiu as tarefas entre os 14 praças. Duas horas após a abordagem, apenas três traficantes, um fuzil, as granadas e as pistolas foram levados para a 37.ª Delegacia de Polícia, na Ilha.
Negociação. Palermo e Belo foram sequestrados e liberados após sete horas de negociação com a advogada Rosângela Azevedo Gomes. O TCP pagou R$ 300 mil. Houve uma segunda parcela, cujo valor não foi divulgado. Os PMs venderam os fuzis para traficantes do Morro do Dendê, por R$ 150 mil.
Na ação, o coronel Corpas manteve contato telefônico com Mendes. O comandante recebeu R$ 40 mil. Oito policiais ganharam R$ 1 mil cada um.
Em abril, a Subsecretaria de Segurança soube que dois traficantes não haviam sido presos na ação. O MPE solicitou as imagens para a Aeronáutica. O comandante da Base Aérea, coronel-aviador Flávio Luiz Oliveira Pinto, as encaminhou primeiro para a Corpas que, ao recebê-las, instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM).
O chefe do IPM foi pressionado a incriminar somente os 14 praças presos administrativamente. Corpas e Mendes não seriam citados. Pouco depois, as investigações foram assumidas pela Auditoria da Justiça Militar, Secretaria de Segurança e MPE. Na casa de Corpas, foram encontrados R$ 14 mil em notas de baixo valor. O comandante poderá responder por improbidade administrativa.

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