Família diz que PM matou adolescente em favela do Rio; polícia investiga

Segundo familiares, ele estava na porta de casa, usando o celular para jogos online, quando policiais que promoviam uma operação na favela o abordaram e levaram embora

PUBLICIDADE

Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - A Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro investiga a morte do adolescente Ray Pinto Faria, de 14 anos, que morava na favela do morro do Fubá, na divisa entre Cascadura e Campinho (zona norte do Rio), e segundo familiares foi detido por policiais militares na manhã de segunda-feira (22) e morreu ferido a tiros. Sem saber para onde o adolescente havia sido levado, a família o procurou durante horas até localizá-lo no Hospital Salgado Filho, no Méier (zona norte), onde Faria morreu. Parentes e vizinhos do adolescente promoveram dois protestos, na tarde e noite de segunda-feira, na avenida Ernani Cardoso, um dos acessos à favela. Dois ônibus foram destruídos. A PM diz que, durante uma operação, o adolescente foi encontrado ferido e levado ao hospital, onde chegou morto.

O adolescente era conhecido na favela por auxiliar pessoas transportando compras feitas nos mercados da região. Segundo familiares, ele estava na porta de casa, usando o celular para jogos online, às 5h40 da segunda-feira, quando policiais militares que promoviam uma operação na favela o abordaram e levaram embora. Depois disso, a família procurou o adolescente e o localizou no fim da tarde, já morto no hospital Salgado Filho.

Polícia Militar no Rio de Janeiro Foto: Fabio Mota / Estadão

PUBLICIDADE

"A mãe dele estava à procura do Ray. Fomos de ponta a ponta da comunidade, e não conseguimos achar o Ray. Policiais mandaram a gente ir para a 28ª DP, para a 29ª DP. O médico falou que ele deu entrada com mais dois bandidos do Morro do 18. Ele foi pego por esses policiais, e agora eles negam e alegam que não pegaram criança nenhuma", contou à imprensa Lucas Isaías, primo da mãe de Faria. Nesta terça-feira (23) ele esteve no Instituto Médico-Legal do Rio para reconhecer o corpo do familiar, morto com dois tiros, no abdômen e na coxa.

"O Ray não estava armado, o Ray não tinha rádio, ele estava apenas sentado pegando o wi-fi. O Ray não tinha qualquer envolvimento com o crime. O Ray era um menino dócil, era um menino estudioso, que gostava de estudar", disse à imprensa outro parente do adolescente. Ele contou ainda que, ao ir ao hospital para reconhecer o corpo, na segunda-feira, um maqueiro afirmou que Faria e outras duas pessoas chegaram à unidade de saúde feridas por um suposto confronto policial.

Moradores da favela acusam policiais militares de retirar ou destruir câmeras de segurança que estavam instaladas perto de uma padaria, para eliminar imagens de uma ação truculenta contra as pessoas, durante a operação policial.

Resposta

Em nota divulgada no início da noite de segunda-feira, a Polícia Militar afirmou que "um indivíduo" foi encontrado ferido e levado ao Hospital Salgado Filho, onde já chegou sem vida. Informou ainda que está apurando a acusação sobre a retirada da câmera de segurança.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.