Familiares de policiais protestam em frente de unidades da PM no Rio

Vinte e sete batalhões no Estado têm atos na manhã desta sexta-feira, incluindo a sede do Choque; corporação garante que patrulhamento está normal

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Por Clarissa Thomé , Fabio Grellet , Fernanda Nunes e Mariana Durão
Atualização:
Grupo de mulheres faz ato em frente ao 18º Batalhão de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, em Jacarepaguá, na zona oeste da capital Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

RIO - Inspiradas no movimento do Espírito Santo, mulheres de policiais militares do Rio fizeram nesta sexta-feira, 10, protesto na porta de 27 dos 40 batalhões. A manifestação não teve os mesmos efeitos observados no Estado vizinho: ônibus circularam, escolas, hospitais, empresas e comércio funcionaram normalmente. Mas o temor de que o caos tomasse conta do Rio levou os prefeitos de Niterói e de Macaé a oferecerem ajuda financeira para garantir o policiamento. 

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O secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, afirmou que a Polícia Civil e guardas municipais da Baixada Fluminense e de Niterói farão rondas, em eventual carência de policiais. As Forças Armadas também atuarão no Rio. “A polícia é a última barreira contra a barbárie. Que as famílias dos policiais reflitam sobre os riscos que a sociedade e elas mesmas correm com uma eventual paralisação”, afirmou Sá.

Em pelo menos quatro batalhões – Tijuca e Méier, na zona norte; Campo Grande, na zona oeste; e Mesquita, na Baixada Fluminense – houve bloqueios e os carros da polícia foram impedidos de deixar a unidade. Algumas mulheres começaram a chegar à porta dos batalhões na noite de quinta, outras durante a madrugada, numa tentativa de evitar a troca de turno, que ocorre diariamente às 6 horas. O comando da Polícia Militar havia adotado estratégias para garantir a substituição de policiais. Em alguns casos, eles assumiram o plantão na rua.

No 27.º BPM (Santa Cruz), um muro foi derrubado para permitir que os carros deixassem o batalhão. “Nós chegamos ao batalhão às 5 horas, bloqueamos a entrada principal e desde então nenhum veículo saiu por ali. Mas por volta das 6 horas percebemos quatro viaturas já do lado de fora e vimos o buraco por onde elas passaram”, conta Melina, mulher de um PM do 27.º Batalhão, em Santa Cruz (zona oeste). “E teve policial que pulou o muro pra sair para o trabalho.” O buraco no muro tem cerca de 3 metros de largura e, segundo as mulheres, foi aberto com uma picareta.

Houve momentos de tensão. Pelos grupos de Whatsapp, pelos quais organizaram o movimento, mulheres denunciaram policiais que teriam agredido manifestantes. Em alguns casos, publicaram fotos, vídeos e número do documento. No Méier (zona norte), um grupo de familiares de PMs que desde a noite de quinta bloqueava a entrada do 3.º Batalhão afirma que um oficial rasgou a maior faixa que o grupo tinha e discutiu com os manifestantes.

As famílias dos PMs protestam pelo atraso no pagamento de janeiro, do 13.º salário e de adicionais, como o Regime Adicional de Serviço (RAS). Segundo Roberto Sá, os pagamentos serão regularizados. O governador Luiz Fernando Pezão recorreu ao Supremo para antecipar os efeitos do plano de recuperação fiscal firmado com o governo federal. Para isso, terá de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e precisa da autorização do STF.

Cooperação. Para amenizar a situação dos policiais, o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, anunciou que pagará em fevereiro um auxílio financeiro de R$ 3,5 mil a todos os policiais que atuam na cidade. A prefeitura promete ainda reforçar o trabalho da Guarda Municipal, instituindo o auxílio fardamento e incluindo a corporação no programa de metas. “Sabemos que segurança pública é uma atribuição constitucional dos Estados, mas acreditamos que é fundamental a cooperação que estamos realizando com as forças policiais.” A prefeitura de Macaé, no norte fluminense, vai ajudar a pagar o 13.º dos oficiais do 32.º Batalhão, que atende a cidade, em duas parcelas. “O momento é de fazer esforços e sacrifícios. A segurança do cidadão não pode estar em jogo.” / CLARISSA THOMÉ, FABIO GRELLET, FERNANDA NUNES, MARIANA DURÃO, MARIANA SALLOWICZ

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