Das 700 peças, oito eram múmias e parte havia sido comprada na época do Brasil Império; algumas peças foram recuperadas
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Por Roberta Jansen
Atualização:
RIO - Uma das mais importantes coleções do Museu Nacional foi também uma das mais atingidas pelo fogo: a coleção egípcia. Eram 700 peças - entre elas, nada menos que oito múmias - a grande maioria comprada, pessoalmente, por dom Pedro I e, posteriormente, por dom Pedro II.
As múmias e seus sarcófagos foram inteiramente perdidos, embora alguns ossos tenham sido preservados pelo fogo. Amuletos que estavam dentro dos sarcófagos também sobreviveram, bem como estatuetas, uma delas a do sacerdote Menkheperr - a única do mundo que o representa como faraó e, por isso mesmo, considerada raríssima.
Incêndio no Museu Nacional completa um ano
1 / 7Incêndio no Museu Nacional completa um ano
Incêndio no Museu Nacional completa um ano
Algumas coleções foram completamente perdidas, como a que reunia 12 milhões de insetos. Os preciosos sarcófagos e múmias da coleção egípcia também for... Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃOMais
Incêndio no Museu Nacional completa um ano
Os trabalhos de garimpo nos escombros do incêndio seguem em ritmo acelerado: 50 salas já foram completamente limpas; restando agora apenas 15 a serem ... Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃOMais
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Os R$ 16 milhões liberados em caráter de emergência pelo governo federal após o incêndio já foram aplicados: aproximadamente R$ 1 milhão foram para a ... Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃOMais
Incêndio no Museu Nacional completa um ano
O telhado provisório já foi instalado, para proteger o prédio das intempéries Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
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“Era uma das maiores e mais importantes coleções da América Latina e do mundo”, afirmou o arqueólogo do Museu Nacional Pedro Luiz Von Seehausen, especializado em Egito. “O impacto do fogo foi muito grande, eram muitas peças de madeira e múmias; mas o que era de metal e de pedra, conseguimos resgatar.”
Uma das boas surpresas foi a recuperação do escaravelho e de outros oito amuletos que estavam dentro do esquife da múmia da dama Sha-Amun-Em-Su, datada de 750 a.C. - um dos poucos sarcófagos do mundo que nunca tinham sido abertos. Pesquisadores, no entanto, conheciam o conteúdo do esquife porque ele tinha sido tomografado em 2005 e conseguiram achar as peças em meio aos escombros.
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
1 / 7Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
Quando o fogo começou, a visitação ao museu já havia sido encerrada e estavam no prédio quatro vigilantes, que não se feriram Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
O Museu Nacional foi fundado por D. João VI e tinha como um dos atrativos o quarto onde dormia o imperador D. Pedro II, no Palácio de São Cristóvão Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
Dois andares foram totalmente destruídos, e parte do teto, que era de mandeira, desabou Foto: Marcelo Sayão/EFE
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
Com um dos mais importantes acervos de história natural da América Latina, o Museu Nacional chegou ao bicentenário com goteiras, infiltrações, salas v... Foto: Marcelo Sayão/EFEMais
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
O museu é especializado em história natural e o mais antigo centro de ciência do País Foto: Marcelo Sayão/EFE
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
Inaugurado em 1818, o museu completou 200 anos em junho Foto: Marcelo Sayão/EFE
Incêndio destrói o Museu Nacional no Rio de Janeiro
O presidente Michel Temer, em not, lamentou o incêndio que atinge o Museu Nacional, destacando o episódio como 'incalculável'perda para o Brasil Foto: Marcelo Sayão/EFE
A múmia foi um presente dado a dom Pedro II, durante uma visita ao Egito em 1876. O monarca gostou tanto do presente, que o deixava em seu escritório e, contrariando a tradição da época, resolveu não abrir o sarcófago. A maior parte da coleção, no entanto, havia sido adquirida por dom Pedro I, das mãos de um negociante argentino.
Os pesquisadores conseguiram recuperar também vários shabtis, estatuetas de 10 a 60 centímetros que eram colocadas nos esquifes para cumprir tarefas que os mortos poderiam ser invocados a realizar no outro mundo. Algumas estelas, placas em rocha ou madeira com cenas do cotidiano e textos, que eram usadas em epitáfios, também foram encontradas.
Os ossos das múmias que sobreviveram ao fogo poderão, agora, ser estudados. “Estudos químicos que não podíamos fazer antes podem trazer informações importantes sobre alimentação e doenças, por exemplo”, afirmou o arqueólogo.
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O trabalho de garimpo nas salas da coleção egípcia ainda não foi concluído e Seehausen espera ainda ter novas boas notícias. “Perder as múmias foi um processo devastador, mas, apesar da tragédia, conseguimos recuperar muita coisa”, resume o especialista. “Ainda temos uma coleção relevante, com peças raríssimas; pensamos que tínhamos perdido tudo, mas demos o sangue para resgatar o que podíamos.”