PUBLICIDADE

Mãe de meninas intoxicadas por gás vai processar a prefeitura

Conceição Alves vai abrir 5 processos pela morte das meninas, por conta do vazemento de gás em um flat do Rio

Por Pedro Dantas
Atualização:

A intérprete Conceição Alves, mãe das meninas Keilua, de 5 anos, e Kawai, de 12 anos, que morreram intoxicadas por um vazamento de gás, afirmou nesta terça-feira, 28, que vai processar a Prefeitura do Rio, a Companhia Estadual de Gás (CEG), o Condomínio Barra Beach, o engenheiro que projetou o prédio e a síndica Sônia Malaquias. O laudo do Instituto Médico Legal atestou que Kawai morreu intoxicada por monóxido de carbono.   Conceição será recebida nesta quarta-feira, 29, pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, deputado estadual Alessandro Molon (PT), que encaminhará ao governo estadual as reivindicações do movimento de mães cujos filhos morreram intoxicados por gás no Rio, intitulado "Morte por Gás Nunca Mais". Elas pedem maior rigor na legislação sobre instalação e manutenção de aquecedores, além de fiscalização sobre as empresas prestadoras de serviço para a CEG.   As meninas sofreram intoxicação por gás durante o banho no dia 19 de agosto. Kawai morreu no mesmo dia e Keilua ficou cinco dias em coma no Hospital da Lagoa, no Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro - morreu no dia 24.   De acordo com os advogados da intérprete, a Prefeitura será responsabilizada por dar o habite-se ao condomínio, a CEG será acionada pela instalação do aquecedor em local não apropriado, e o engenheiro responsável será processado pela construção do banheiro fora das normas de segurança.   Já o condomínio Barra Beach vai responder por não ter tomado providências após a morte de uma pessoa, em 1998, e após um homem ter sido intoxicado, em 2005, no mesmo apartamento. A mãe das meninas também vai processar a síndica por não ter notificado o inquilino e namorado de Conceição, o contabilista Antônio José Dutra, sobre os riscos de vazamento. Ele estava com as crianças no dia do acidente.   Investigações policiais   Até o momento, o delegado-titular da 16ª Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, Carlos Augusto Nogueira, afirmou que deve indiciar o administrador da imobiliária Sol da Barra, José Augusto Grillo Franqueira, por duplo homicídio doloso, mas informou que chamará representantes da CEG e da Prefeitura para prestar esclarecimentos. Nogueira Pinto acredita que o administrador "aceitou o risco de morte" ao alugar o imóvel que apresentou problemas semelhantes dois anos antes.   A imobiliária Sol da Barra nega qualquer negligência no caso e afirma que as vistorias realizadas pelo condomínio e pela CEG não constataram vazamentos. A Prefeitura do Rio informou que concedeu o habite-se após toda a documentação necessária ter sido entregue pelo condomínio, inclusive "a liberação para fins de habite-se expedido pela CEG".   Por meio dos advogados, o condomínio do Barra Beach afirmou que a administração do prédio cumpriu todas as exigências da CEG no cumprimento das normas para instalações dos medidores de gás. Por sua vez, a CEG afirmou que se solidariza com a dor da família, porém não se pronunciará mais sobre o caso até o fim do inquérito. A síndica do Barra Beach e o engenheiro responsável pela obra não foram localizados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.