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Manifestantes transformam praia em "depósito de corpos"

Em Copacabana, 1.500 sacos pretos simbolizam vítimas da violência no Rio de Janeiro

Por Roberta Pennafort
Atualização:

O trecho inicial da praia de Copacabana amanheceu neste sábado, 4, com cerca de 1.500 sacos pretos sobre montes de areia, simbolizando corpos de vítimas da violência no Rio. O protesto foi organizado pelo movimento "Rio de Paz". Segundo o presidente da entidade, o teólogo Antonio Costa, o objetivo era fazer com que a classe média carioca tivesse experiência semelhante à dos moradores de comunidades pobres, que freqüentemente se deparam com corpos cobertos por sacos plásticos perto de suas casas. Conforme dados da página do Instituto de Segurança Pública (ISP) na internet, de janeiro a abril deste ano foram registrados 2.224 homicídios no Estado - uma média de 556 por mês. No site, não há informações sobre os meses de maio, junho e julho. O movimento trabalha com o número de 3.500 homicídios desde janeiro. "É uma estatística surreal. Estamos dramatizando apenas um terço do número total de pessoas assassinadas no Rio em 2007", disse Antonio Costa. O "cemitério", com uma cruz no meio, tomou a faixa de areia em frente à Avenida Princesa Isabel. Os manifestantes chegaram por volta das 2 horas. O grupo pretendia deixar os montes cobertos com plásticos até o meio da tarde, como forma de chamar a atenção de moradores da zona sul e de turistas para a gravidade da situação da violência urbana no Rio. Pessoas que aproveitavam o sábado de tempo bom para ir à praia ou passear no calçadão pararam para observar o ato silencioso. "Nós estamos trazendo para a zona sul a triste realidade dos bairros de periferia e das comunidades pobres, que vivem regularmente essa experiência. Estamos "enfeiando" um pouco o nosso cartão-postal para apontar para uma realidade muito mais feia", esclareceu Costa. Ele lembrou que o movimento contabilizou somente os homicídios dolosos computados pelo ISP, deixando de lado mais de dois mil desaparecidos e 30 mil casos de lesão corporal dolosa. No dia 30 de junho, o movimento - que surgiu em janeiro deste ano - já havia organizado protesto parecido, durante o qual 200 pessoas vestidas com camisetas vermelhas deitaram na areia da praia para simbolizar o alto número de vítimas.

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