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Marinha recua e retira grades da orla do Boulevard Olímpico

Alegando ter sido uma concessão temporária para a prefeitura, corporação havia cercado local que era usado por turistas para contemplar a Baía de Guanabara

Por Constança Rezende e Roberta Pennafort
Atualização:
Orla Conde, no Boulevard Olímpico. Foto: Fábio Motta/Estadão

RIO - A Marinha voltou atrás e retirou na manhã de quarta, 21, da Orla Conde, no centro do Rio, as grades que havia usado para limitar a área de lazer junto à Baía de Guanabara. No entanto, informou que irá manter as que estão colocadas na área mais próxima da água, alegando que o público que passeia por ali corre risco de cair no mar. A prefeitura insiste em tirá-las, argumentando que a proteção compromete a vista e não estava prevista no projeto de urbanismo original do Porto Maravilha.

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Apelidada de Boulevard Olímpico durante a Olimpíada, período em que recebeu 4 milhões de pessoas, a Orla Conde foi o grande legado dos jogos para o lazer dos cariocas. Rapidamente transformou-se no mais novo ponto turístico da cidade. De lá, o visitante tem uma vista livre, inédita e deslumbrante da baía, suas ilhas e prédios históricos.

Ao cercar 1.700 metros quadrados do trecho próximo ao 1º Distrito Naval, nas últimas semanas, a Marinha alegou que a cessão da área, de sua propriedade, para a prefeitura, de modo a transformá-la num passeio público, havia sido temporária – valeria somente para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Já documentos apresentados pelo município provaram que a concessão foi “em caráter irrevogável e irretratável”, e “por prazo indeterminado”.

Diante do impasse, a Marinha mudou seu discurso, e informou ter negociado a questão com o prefeito eleito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). As tratativas originais tiveram a participação pessoal do atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB). O 1º Distrito Naval soltou nota em que disse que “em entendimentos preliminares” estabelecidos com Crivella, “foi acordado que será feita a retirada do gradil que circunda a área prevista para a localização do estacionamento pertencente à Marinha. Entretanto, será mantido o gradil junto ao perímetro da orla, de forma a proporcionar maior segurança, evitando acidentes.”

A Orla Conde tem 3,5 quilômetros de extensão e fez parte do conjunto de obras de revitalização da região portuária, área historicamente degradada que vem recebendo grande volume de recursos nos últimos anos. A passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pela região, iniciada pouco antes da Olimpíada, a valorizou ainda mais. 

As negociações para a cessão da área da Marinha foram intensas, uma vez que a força está instalada ali há mais de 250 anos. O trecho onde estavam as grades, próximo à Igreja da Candelária e à escultura da pira olímpica, é contíguo ao 1º Distrito Naval. A paisagem que agora pode ser contemplada pelos visitantes até então era privilégio dos servidores da Marinha, que detinha seu uso exclusivo.

A conclusão das obras de contrapartida da prefeitura pela cessão da área (a construção de um novo refeitório e de um estacionamento) está garantida para o primeiro semestre de 2017, segundo aCompanhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp). “A retirada do gradil da área de uso público é uma conquista do carioca”, o órgão comemorou, em nota. 

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