Moradores do Morro dos Prazeres questionam remoções prometidas por prefeitura

Famílias cadastradas pela Defesa Civil não sabem onde serão reassentadas

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Por Redação
Atualização:

RIO - No Morro dos Prazeres, onde pelo menos 30 pessoas morreram em função dos deslizamentos, moradores estão desconfiados das promessas de novas casas para quem for removido. Segundo o prefeito Eduardo Paes, mil famílias serão reassentadas em um condomínio que será construído no terreno do antigo Complexo Penitenciário da Frei Caneca, no Centro.

 

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Neste sábado, 10,no quarto dia de cadastramento das famílias pela Defesa Civil, moradores questionavam a decisão da prefeitura. "Até agora, ninguém veio nos perguntar e nem nos comunicar como e para onde nós iremos ", afirmou o economista Nestor Bordini, de 43 anos.

 

Com o auto de interdição nas mãos, ele criticou a forma como a prefeitura está conduzindo as interdições. "Ninguém foi em minha casa para avaliar os riscos. O prefeito fez o mapeamento pelo helicóptero? Isso é, na verdade, um auto de isenção de responsabilidade. Só serve para o prefeito dizer que avisou, no caso de as casas caírem", criticou o economista, que teve a casa interditada na última quarta-feira, mas ainda não saiu do imóvel.

 

Leondras José de Moura, de 52 anos, que depois de ter a casa interditada foi ouvido pela secretaria municipal de Habitação, reclamou não poder escolher o local para onde será removido. "Eles só perguntam o número de pessoas na família. Não perguntam se queremos ir para o local onde querem nos levar".

 

Histórico

 

Parte da desconfiança da comunidade é resultado das ações da prefeitura na favela ao longo dos anos. O programa Favela Bairro, iniciado pelo governo do ex-prefeito César Maia, na década de 90, é um dos mais criticados. Além de ter favorecido a ocupação do morro, parte das promessas de urbanização não foram concretizadas. "Incentivaram a chegada de novos moradores e, depois disso, a urbanização ficou pela metade. Pontes e escadas ficaram incompletas. Na entrada da comunidade, uma praça não saiu do alicerce", reclamou Nestor. "O programa de reflorestamento, por exemplo, começou a ser feito no primeiro mandato do César Maia e foi interrompido por ele mesmo, no segundo mandato (2001-2004)."

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