Mortes de políticos têm ligação com máfia dos combustíveis

Ao menos 3 homicídios investigados na Baixada Fluminense têm, para policiais, relação com disputas pelo controle de perfurações em dutos da Petrobrás

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Por Clarissa Thomé
Atualização:
A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio, realizaram megaoperação Foto: REPRODUÇÃO

RIO - Uma investigação sobre assassinatos de políticos na Baixada Fluminense levou a Polícia Civil do Rio a desvendar um esquema de furto de combustível da Petrobrás. Pelo menos três homicídios investigados têm, segundo policiais, ligação com disputas pelo controle das chamadas “bicas”, perfuração nos dutos da estatal. 

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Investigadores suspeitam que os políticos foram mortos por milicianos, descontentes com a “concorrência” de outros criminosos. Os crimes levaram o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, a pedir ao Ministério da Justiça, no fim de agosto, que a Polícia Federal investigasse o caso.

A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio realizaram megaoperação na manhã desta quinta-feira, 8. Com auxílio de helicóptero, 150 policiais cumpriram nove mandados de prisão temporária e 22 de busca e apreensão nos municípios de Duque de Caxias, Belford Roxo e Magé. A Polícia não divulgou quantas ordens da Justiça foram cumpridas.

A DHBF investiga a morte de 13 políticos, nos últimos 10 meses, em municípios da Baixada. Os policiais apuraram que os assassinatos de pelo menos dois pré-candidatos a vereador e um cabo eleitoral não tiveram motivação política. As vítimas estariam disputando com milicianos o controle de terrenos por onde passam dutos da Refinaria Duque de Caxias (Reduc). Nesses locais, havia perfurações de onde eram extraídos 20 mil litros de óleo bruto por dia. O combustível era transportado para São Paulo, a fim de ser refinado.

Uma das vítimas foi o pré-candidato Sérgio da Conceição de Almeida Júnior, o Berém do Pilar, assassinado a tiros na porta de casa, em Duque de Caxias. Em 2 de julho, ele estava em um carro, quando outro veículo parou ao lado dele e dispararam na sua direção. Quatro dias depois, Denivaldo da Silva, que seria cabo eleitoral, foi morto a tiros na saída de um shopping center. De acordo com a polícia, Berém e Denivaldo eram sócios, e os criminosos usaram a mesma pistola para cometer os assassinatos. Outro pré-candidato morto foi Sérgio da Silva Lopes.

A Polícia encontrou "bicas" ligadas aos dutos da Petrobrás em terrenos de Denivaldo da Silva e Sérgio da Silva Lopes. Segundo a polícia, o furto do óleo ocorre em terrenos alugados de produtores rurais. “Esse caso desmistifica essa história de que as mortes de pré-candidatos tinham motivação política. Vamos continuar investigando”, afirmou o delegado Giniton Lages, responsável pela DHBF. O delegado, agora, busca identificar as outras quadrilhas que atuam no roubo de óleo bruto.

As investigações mostraram ainda que quatro pré-candidatos foram mortos por traficantes. Eram lideranças comunitárias, que dificultavam o comércio de drogas nas áreas em que atuavam. Houve dois crimes passionais. Até agora, somente a morte do vereador Oswaldo da Costa Silva (PDT) parece ter motivação política. 

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