Mortos ilustres ganham placas digitais no Caju

Maior cemitério do Rio terá alamedas com dados informatizados; ideia é transformar local em ‘ponto de descoberta’, diz professor

PUBLICIDADE

Por Clarissa Thomé
Atualização:
Serão instaladas placas de aço com códigos de barras dimensionais, as QR Codes Foto: Tasso Marcelo/Estadão

RIO - O Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na zona norte do Rio, ganhará plaquetas digitais para contar a história das personalidades enterradas ali. As aleias, agora com nomes de flores, também terão dados informatizados sobre os túmulos que podem ser visitados nas quadras. A iniciativa é da concessionária Reviver, que assumiu a administração em janeiro. O cemitério, que é o maior do Estado, terá ainda um roteiro turístico, às quintas-feiras.

PUBLICIDADE

“Queremos desmistificar o cemitério como local de afastamento e morte e transformá-lo em ponto de descoberta. É importante lembrar dos brasileiros que ajudaram a construir o País”, disse o professor de História Milton Teixeira, que guiará os visitantes. “Visite o Rio enquanto está vivo. Ou você pode se tornar atração”, brincou ele.

A partir de quinta, serão instaladas placas de aço com códigos de barras dimensionais, as QR Codes. Escaneadas por celulares e tablets com internet, permitem acesso a informações detalhadas sobre a personalidade ali enterrada. As primeiras serão do cantor Tim Maia (1942-1998) e do ator, diretor e produtor Luís Carlos Miele, morto no início do mês aos 77 anos. Quem escanear a placa de Tim Maia saberá sobre sua vida, carreira, músicas, verá fotos do cantor e ainda poderá assistir ao clipe de Azul da Cor do Mar.

Coordenador do projeto Queridos para sempre, o jornalista Edvaldo Silva mapeou personalidades enterradas no Caju. São cantores como Dolores Duran (1930-1959), Elizeth Cardoso (1920-1990), Waldick Soriano (1933-2008) e Emilinha Borba (1923-2005). Também está lá o Barão do Rio Branco (1845-1912), patrono da diplomacia brasileira. Baluartes da Mangueira estão no cemitério: Cartola (1908-1980); sua viúva, dona Zica (1913-2013); a amiga Neuma (1922-2000); e o mais famoso intérprete da escola de samba, Jamelão (1913-2008) – este, enterrado em um túmulo simples, sem inscrição ou lápide.

Não só famosos terão placas indicativas com informações biográficas. O serviço também estará disponível para famílias que queiram digitalizar dados de parentes enterrados no cemitério. O valor não foi definido.

Polêmicos. Nem todos os detalhes sobre os enterrados serão revelados. Ficará de fora do roteiro o túmulo do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, morto em rebelião no presídio Bangu 1, em 2002, e o do policial Mariel Mariscot, acusado de participar de grupo de extermínio e assassinado em 1981.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.