29 de maio de 2016 | 12h32
RIO DE JANEIRO - O Ministério Público do Rio de Janeiro defendeu, na manhã deste domingo, 29, que o crime de estupro coletivo de uma jovem de 16 anos na zona oeste do Rio, corrido no sábado, 21, deixe de ser investigado pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) e passe a ser apurado pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV). Imagens da jovem nua e desacordada foram publicadas nas redes sociais por homens que comentavam o estupro na terça-feira, 24.
O pronunciamento do MPRJ concorda com três dos quatro pedidos encaminhados pela advogada da vítima à Promotoria. Eloísa Samy Santiago argumentou que a DRCI não deu o tratamento adequado ao crime de estupro e concentrou-se na investigação da publicação de imagens da vítima nas redes sociais. Além disso, apontou atitude imprópria do delegado titular da DRCI, Alessandro Thiers, durante os depoimentos da jovem. Segundo Eloísa, o delegado questionou se a jovem tinha o hábito de participar de sexo em grupo. Para a advogada, a moça foi constrangida e o delegado não respeitou a condição de uma pessoa vítima de violência sexual. Nos depoimentos, a jovem disse ter sido dopada e atacada por 33 homens armados em uma casa desconhecida, no complexo São José Operário, na zona oeste.
Advogada de vítima de estupro coletivo diz que caso sairá da delegacia de crimes de informática
O MP não concordou com o pedido da advogada de que Thiers seja afastado do cargo. Segundo a assessoria do Ministério Público, o promotor Bruno Lavorato expedirá ofício à Justiça pedindo que a investigação sobre estupro seja conduzida apenas pela DCAV e que a CRCI investigue a publicação das imagens da jovem depois do estupro.
O Ministério Público também concordou com o pedido de investigação da conduta do delegado Alessandro Thiers, mas afirmou que o afastamento do delegado depende de decisão da administração estadual. A Promotoria entendeu também que a jovem deve ser protegida por medida cautelar da Justiça, nos moldes da Lei Maria da Penha, que pode inclusive proibir o acesso de suspeitos a vítimas de violência. A advogada da vítima relatou ao MP que um dos suspeitos do crime, identificado como Rafael Belo, tem tentado se aproximar e intimidar a jovem desde que o caso veio a público.
Eloísa Samy informou, em seu Facebook, na madrugada deste domingo, 29, que o plantão do Tribunal de Justiça já havia determinado o desmembramento da investigação e que o caso de estupro coletivo seria apurado pela DCAV. O Estado não obteve a confirmação do TJ. Segundo fontes do Ministério Público, a Justiça ainda não formalizou uma decisão sobre o caso, mas o fato de o promotor concordar com a maior parte dos pleitos da advogada deve ter grande peso para que a investigação seja, de fato, desmembrada.
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