
15 de agosto de 2015 | 11h57
O esquema foi descoberto pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e reportado em documento ao Ministério Público Federal no dia 28 de julho, como o Estado revelou no início de agosto. O relatório do MTE detalha o funcionamento da suposta propina, delatada por uma pessoa que trabalhava com empresários chineses suspeitos de "importar" jovens pobres da Província de Guangdong, no sul da China, uma das mais pobres do país.
Para cada chinês liberado para entrar no Brasil seriam cobrados R$ 42 mil de propina. Pelo acerto, o imigrante trabalharia de dois a três anos de graça para pagar as despesas de viagem e, segundo suspeitas do MTE, para quitar também o valor entregue pelos patrões aos agentes.
O pagamento da propina, em dinheiro, seria feito no aeroporto, fora da área de controle imigratório. Um truque usado para encobrir o esquema é sumir com os passaportes dos chineses ou arrancar a página em que estaria o carimbo da Polícia Federal, identificando a data da entrada no País - o que permitiria identificar os funcionários da PF de plantão naquele dia.
Em um dos casos revelados pelo delator, o atraso de 20 minutos no pagamento da propina fez com que chineses que entrariam no País fossem deportados para a China. De acordo com o MTE, agências na China oferecem oportunidades de trabalho no Brasil. O serviço é anunciado, dizem auditores, em placas espalhadas por Guangdond.
Procurada no início de agosto, a Polícia Federal informou que policiais e funcionários administrativos terceirizados, contratados pela empresa Milênio, atuam na imigração. Os últimos, no entanto, não têm autonomia de ação e estão sob supervisão dos agentes da PF. Em nota, a corporação afirmou que "todas as notícias de possíveis ilícitos administrativos ou penais que venham a mencionar servidores são apuradas pelos setores de controle interno" e destaca atuar na coerção à prática de trabalho escravo. A Milênio optou por não se pronunciar.
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