
05 de junho de 2019 | 11h03
Atualizado 05 de junho de 2019 | 22h23
RIO - O Museu do Louvre poderá ceder peças de sua coleção egípcia ao Museu Nacional, destruído por um incêndio em setembro. O diretor da instituição brasileira, Alexander Kellner, esteve reunido com Jean-Luc Martinez em Paris na terça-feira, 4, de quem ouviu a promessa do empréstimo de longo prazo de peças.
"O presidente do Louvre se interessou muito pela situação do museu e prometeu, inclusive, nos fazer uma visita no ano que vem. Ele está muito interessado em saber como anda a reconstrução do Museu Nacional", contou Kellner. "E uma vez que a gente estiver pronto, ele já acenou para a possibilidade de um empréstimo de material do Louvre por longo termo. Estamos muito animados com isso."
Uma das maiores perdas no incêndio que destruiu a instituição foi justamente parte da coleção egípcia, listada entre as mais importantes do mundo. Grande parte dela foi trazida ao Brasil por Dom Pedro I.
De acordo com o catálogo do Museu Nacional, a maior parte do acervo egípcio foi comprada em um leilão, em 1826, pelo imperador. Não há registro preciso sobre a procedência das peças, mas acredita-se que elas tenham vindo de Tebas.
Três múmias desta coleção eram consideradas particularmente importantes: a de Hori, um alto funcionário da hierarquia egípcia que viveu por volta de 1.000 a.C., a Harsiese, que também teria um cargo importante e viveu por volta de 650 a.C., e uma múmia feminina datada do século I, sobre a qual se tem poucas informações. O que a tornava rara e preciosa era a técnica usada para enfaixá-la, envolvendo braços, pernas e dedos das mãos individualmente.
A peça considerada a mais importante da coleção, no entanto, era o esquife da dama Sha-amun-em-su, ricamente trabalhado. Em 1876, quando visitou o Egito, Dom Pedro II o ganhou de presente e o manteve em seu gabinete até a proclamação da República, em 1889, quando a peça passou a integrar a coleção do Museu Nacional.
"O material que querem emprestar é variável: peças egípcias, mas também greco-romanas, além de outras coisas que possam interessar a gente", contou Kellner. "É muito legal."
O acervo de 12 mil peças do Museu Nacional, ligado à Universidade Federal do Rio, foi consumido pelo fogo em 2 de setembro. Era o mais antigo centro de ciência do País, com 200 anos. O local reunia algumas das mais importantes peças da história natural do País, como Luzia, o esqueleto mais antigo já achado nas Américas.
Em abril, a Polícia Federal apresentou o laudo da investigação do incêndio e apontou como causa mais provável das chamas um curto-circuito em um de ar-condicionado, localizado no auditório do térreo do edifício. A conclusão dos peritos servirá como base ao inquérito da PF para apontar possíveis responsáveis, que poderão responder criminalmente.
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