Museu Nacional reabre e registra aumento de 70% da visitação

Nesta sexta-feira, 1.679 pessoas foram ao museu - frequência em um dia de férias é de 1.000; local havia sido fechado por causa da falta de pagamento do serviço de limpeza

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Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Fundado há 197 anos, o Museu Nacional teve sua visibilidade ampliada por ter ficado 11 dias fechado, em decorrência da falta de pagamento ao serviço de limpeza, paralisado. Com o retorno dos 104 funcionários e a reabertura, nesta sexta-feira, 23, com entrada gratuita, a visitação aumentou em quase 70%: foram 1.679 pessoas, quando a frequência num dia de férias é de 1.000. 

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Como um “mal que veio para o bem”, o problema financeiro pode acabar por ajudar a instituição, o mais antigo centro de ciências do País, e o maior museu de história natural da América Latina, a conseguir patrocínio (em empresas públicas ou privadas) para seus projetos.

A UFRJ, à qual o Museu Nacional está vinculado, não tem recursos para bancar o principal objetivo dos próximos anos, que é deixar nos três andares do Palácio de São Cristóvão, prédio de mais de 200 anos que se destaca no parque da Quinta da Boa Vista, somente exposições.

O mais antigo museu brasileiro, o Museu Nacional, em São Cristovão, zona norte do Rio, reabriu nesta sexta-feira, 23, após duas semanas fechado pela direção, que alegava não ter dinheiro para pagar a manutenção diária Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

Os cursos de pós-graduação da UFRJ que lá funcionam atualmente, assim como a parte administrativa e a reserva técnica, seriam transferidas para cinco prédios anexos no terreno da Quinta, três a serem construídos, um a ser ampliado e um por reformar. Outra necessidade é a restauração do palácio, que carece de reparos nas áreas externa e interna e de readequação dos espaços expositivos. A bela construção serviu de residência à família real desde a chegada de d. João VI e sua corte ao Rio, em 1808. 

As medidas estão orçadas em R$ 150 milhões - quase um terço do orçamento total da UFRJ para 2015. “Com o fechamento, ficou evidente que é um museu popular. A sociedade se manifestou muito, e é importante que as autoridades vejam isso”, disse a diretora, Claudia Carvalho, que recebeu R$ 8 milhões nos últimos onze dias e efetuou os pagamentos à empresa de limpeza na quinta. Ela ainda aguarda a contratação de pessoal de portaria - os 30 funcionários do setor pararam de trabalhar depois que a empresa que os empregava faliu.

“É o museu mais importante do País, gerações passaram por aqui. Mas nossas exposições são irregulares: numa sala temos museografia moderna, noutra, parece que estamos em 1915”, apontou o vice-diretor, Renato Ramos.

Ajuda externa. Os diretores chegaram a receber mensagens de frequentadores que se dispuseram a ir pessoalmente limpar o museu - o fechamento foi por precaução, para que resíduos que entram pelas portas e janelas, insetos e poeira não danificassem o acervo, composto por muito material orgânico (cestaria, animais empalhados, múmias egípcias, tecidos).

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Para a bancária Cassiane Silva, de 32 anos, o marido e os três filhos, sexta-feira foi dia de ver pela primeira vez o “famoso Museu Nacional”, e suas coleções nas áreas de arqueologia, etnologia e paleontologia. “Nunca tinha vindo, mas ouvia falar. Fiquei muito chateada quando soube que estava fechado. Os meninos adoraram os dinossauros e as múmias.”

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