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No Rio, brasileiros e franceses prestam homenagem às vítimas dos ataques em Paris

Ato contou com um momento de silêncio, músicas típicas francesas e com a Marselhesa, o hino francês, cantado à capela

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Por Marcio Dolzan
Atualização:

RIO - Mais de 300 pessoas se reuniram no fim da tarde deste domingo, 15, no Largo do Machado, no Rio, para prestar homenagem às vítimas dos atentados terroristas de Paris, na sexta-feira. O ato contou com um momento de silêncio, músicas típicas francesas e com a Marselhesa, o hino francês, cantado à capela pelos presentes. Velas foram acesas.

"Trata-se de uma homenagem pelas vítimas dos atos terroristas e tambémuma defesa dos valores da República francesa", declarou Brice Roquefeuil, cônsul-geral da França no Rio.

Vigília na Praça do Machado, na zona sul do Rio Foto: Fábio Motta/Estadão

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A manifestação estava marcada para às 17h, e nem mesmo a pequena chuva que caiu pela região impediu que franceses e brasileiros fossem ao local para prestarem suas homenagens às vítimas. 

Um dos primeiros a chegar foi o músico francês Pascal Maurice Kahan. De posse de um antigo realejo, ele cantou músicas típicas de Paris. 

"É uma homenagem para marcar que a barbárie não pode parar o povo francês de tocar música, de ir a um barzinho, um café, de ver um jogo de futebol ou um show de rock no Bataclan", disse Kahan, que há 11 anos mora no Rio. "Isso (atentados) não vai adiantar de nada. São assassinos."

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) também compareceu. "Nós cada vez mais somos cidadãos do mundo, mundo cada vez mais intercomunicado para o bem e para o mal. O que aconteceu em Paris, Bagdá e Beirute mais recentemente revelam que nós estamos numa quadra de barbárie.A guerra tradicional, estúpida como todas guerras , tinham alvos militares e campos definidos. Agora não mais, é covardia", considerou.

Ele citou também a tragédia de Mariana. "Foi outra forma também atroz, mas diferente. Veio de um mal empreendimento, nesse caso no afã do lucro que gerou perdas de vida. Agora, o fato de a gente se rebelar contra essa lama tóxica produzida não pode significar que a gente não vá considerar a atrocidade desse terror.

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Mas o ato também foi marcado por um breve momento de tensão, quando um professor da rede pública do Rio apareceu envolto a uma bandeira do Brasil e outra de Israel. Houve um princípio de vaias, enquanto outros o apoiaram.

"Sou um cidadão brasileiro e estou usando meu direito constitucional de me manifestar", disse Maurício Pencak, professor de historia da rede pública. "Vim trazer minha solidariedade ao povo francês, e como judeu vim protestar contra esses facínoras. Eu esperava isso (vaias) num país árabe, não aqui."

Brasília. A Embaixada da França no Brasil reuniu cerca de 200 pessoas em uma escola de francês em Brasília para prestar homenagem às vítimas dos ataques.

"Em tempo de dor, é importante ter amigos. Não vamos nos intimidar pelo terror", afirmou o ministro-conselheiro Gael de Maisonneuve, número 2 da embaixada. O mais grave ataque à França na histórica recente foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI). 

"Continuaremos com os mesmos ideais de paz e tolerância", disse o diplomata, que agradeceu a simpatia do povo brasileiro.

Estavam presentes também diplomatas e representantes de outras embaixadas no Brasil, como Alemanha, Reino Unido, Canadá e Bélgica.

Assim como no Rio, as pessoas fizeram um minuto de silêncio e cantaram a Marselhesa, hino nacional da França. Comovidos, muitos se abraçavam. Em seguida, deram uma volta em torno da escola, em silêncio. Alguns estavam com bandeiras francesas. 

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"Queremos mostrar nossa tristeza de não estar na nossa casa. Estamos longe, mas, em sentimento, estamos com eles", disse a francesa Sandra de Sousa, que tem pais portugueses.

A analista de sistemas Renata Dumont levou a filha de 12 anos, Mariana, que estuda na escola francesa, para o ato. "Além da repercussão mundial, estamos comovidos. Temos amigos franceses. Só fomos dormir na sexta depois das duas da manhã, quando tivemos a certeza que todos estavam bem", afirmou. 

Dez dos 32 alunos da sala de Mariana são franceses. "A gente precisa ficar juntos nesse momento", disse Manuela Dobal Jortan, de 11 anos, que tem pai francês.

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