
26 de setembro de 2017 | 10h14
RIO - O batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações com Cães (Bac) está no Morro do Borel, na Tijuca, zona norte, na manhã desta terça-feira, 26. O objetivo é localizar bandidos que possam ter fugido da favela da Rocinha, na zona sul, pela mata da Floresta da Tijuca. A polícia suspeita que criminosos de outros morros que ficam ao redor da mata podem ter dado abrigo aos bandidos. Nenhum resultado foi divulgado até as 10h.
Na manhã desta terça, a Polícia Militar realiza novamente operação na Rocinha em busca do chefe do tráfico Rogério 157 e seus aliados envolvidos nos últimos confrontos na região.
Na segunda-feira, 25, o Bope também fez operação em outra favela do Complexo da Tijuca, o morro do Turano, que também tem ligação com a mata. Relatos de moradores do morro reforçaram a suspeita de que traficantes da Rocinha usaram a mata como rota de fuga. Segundo essa versão, na madrugada de sábado chegaram ao Turano homens desconhecidos, sujos de lama e folhas. O mais provável é que os suspeitos tenham andado pela floresta até o Horto e lá embarcado em veículos para chegar a favelas da Tijuca.
Entenda o que desencadeou a onda de violência na Rocinha
A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo passado, 17, quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. No domingo, os tiroteios deixaram um morto.
Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão. A relação pode ter piorado depois da união da ADA com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.
Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos a tentar retomar a favela. A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continua no alto do morro, segundo informações da Polícia. Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também estaria no local. Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.
Na segunda-feira, 18, o porta-voz da Polícia Militar do Rio, major Ivan Blaz, e o delegado-titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, admitiram que sabiam que poderia haver confronto entre traficantes na Rocinha no dia anterior. Blaz afirmou que a Polícia Militar não agiu com mais força para acabar com o confronto porque a intervenção poderia vitimar moradores. Já Ricardo acrescentou que não sabia que o confronto, que durou cinco horas, "seria desta proporção".
Depois de quase uma semana de tiroteios no Rio, as Forças Armadas foram chamadas na sexta-feira, 22, para cercar a Rocinha - a mais conhecida comunidade da capital -, diante do reconhecimento de que o Estado perdeu o controle na guerra deflagrada pelo crime. Ao todo, 950 homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão mobilizados, além de dezenas de blindados e helicópteros. Mais três batalhões do Exército, que somam quase 3 mil homens, estão prontos, caso a situação se agrave.
Desde o início dos conflitos na Rocinha seis suspeitos foram mortos e outros quatro ficaram feridos, além de um adolescente ter sido atingido por bala perdida. O jovem passa bem. Nove pessoas foram presas em flagrante e outras oito foram detidas no cumprimento de mandados expedidos pela Justiça.
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