RIO - Sessenta policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, começam nesta terça-feira, 7, um treinamento com PMs do Comando de Operações Especiais (COE), que envolve o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), o Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), o Batalhão de Ações com Cães (BAC) e Grupamento Aeromóvel (GAM). Será instalada ainda uma cabine blindada para uso dos PMs, também na comunidade de Nova Brasília.
Na quarta-feira, 1º, e na quinta-feira, 2, da semana passada, o conjunto de favelas foi palco de confrontos, que deixaram quatro mortos. Entre eles, Elizabeth de Moura Francisco, de 40 anos e Eduardo de Jesus Ferreira, que, segundo acusações de familiares, foram atingidos por policiais militares.
Desde a última quinta-feira, 270 homens do COE ocupam o Complexo do Alemão. Não foi divulgada a data de saída do efetivo.
Em nota, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) se refere ao treinamento como uma "etapa do processo de realinhamento operacional das Unidades de Polícia Pacificadora", que desde o início do mandato do governador Luiz Fernando Pezão, passam por análise e reformulação.
Nesse treinamento, os PMs receberão instruções técnicas de autoproteção nas áreas de atuação, uso de armamento, abordagem e primeiros socorros. Também haverá aulas sobre Polícia de Proximidade com policiais da CPP.
No mês passado, policiais da UPP São João, na zona norte do Rio, também passaram por treinamento semelhante.
No domingo, 5, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) anunciou que o Complexo do Alemão seria reocupado pela PM. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa do governo, Pezão não detalhou prazos para a ocupação, mas disse que ocorrerá sem a presença das Forças Armadas.
"Vamos entrar mais fortes, fazer uma reocupação. Segurança continua sendo nossa política mãe", declarou o governador.
A proposta dele é alocar no conjunto de favelas novos policiais recém concursados. Segundo Pezão, há mais de seis mil policiais aprovados, com contratação prevista para este ano. O governador prevê também a reciclagem dos atuais PMs que já atuam em UPPs.
De acordo com Pezão, o trabalho das UPPs é um "processo permanente". "Foram 20, 30 anos de abandono dentro dessas comunidades. O próprio Alemão era a central do crime organizado. Não vai ser em 8, 10, 15 anos que vamos levar a paz", disse.