Polêmica sobre abordagem foi um 'mal-entendido', diz Pezão

Governador do Rio avaliou como positiva a Operação Verão, implantada no último fim de semana para coibir arrastões nas praias

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Por Fabio Grellet e Roberta Pennafort
Atualização:

Atualizada às 22h17

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RIO - Ao fazer avaliação positiva do início antecipado da Operação Verão, para impedir arrastões nas praias, montada no último fim de semana, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) disse nesta segunda-feira, 28, que não passou de "mal-entendido" a polêmica sobre a abordagem a jovens pobres que vão para a zona sul de ônibus. Até o verão, haverá ações em todos os fins de semana em que a previsão meteorológica for de sol forte, ele afirmou. 

Trinta e oito menores de 18 anos e em condição social vulnerável (sem responsáveis, dinheiro e documentos) foram recolhidos em dois abrigos durante a ação da Polícia Militar (PM), em parceria com a Guarda Municipal e as secretarias municipais de Desenvolvimento Social e de Ordem Pública.

Das 38 crianças e adolescentes recolhidas durante o final de semana, 29 foram entregues aos pais ou familiares. A partir desta terça-feira, 29, as famílias desse grupo começarão a ser visitadaspor assistentes sociais, que vão acompanhar a situação familiar. Outros três adolescentes já haviam sido acolhidos anteriormente e voltaram para os abrigos de onde haviam saído. Os seis restantes continuam abrigados porque a Prefeitura do Rio não encontrou nenhum familiar ou responsável por eles. Esses jovens“não passaram dados consistentes para que a secretaria localizasse os responsáveis”, segundo a pasta.

A operação contou com 700 PMs e 300 agentes municipais. Ocorreram abordagens a ônibus em 34 pontos entre as zonas norte e sul.

"Correu super bem, essa integração (dos órgãos) já vinha sendo feita. Houve uma interpretação errada com relação às abordagens. Foi um mal-entendido. (Os alvos) são esses jovens que infelizmente vêm em cima do ônibus, que pularam a catraca, que atiram latas nos carros. Não sou contra ninguém ir à praia curtir. As pessoas sabem da minha trajetória de vida e como eu sou. As interpretações levam a polêmicas que não têm nada a ver." 

Pezão disse que o Estado intensificará a atenção a jovens pobres como forma de evitar que cometam crimes. Ele contou que na quinta-feira passada reuniu-se com 200 lideranças comunitárias para se informar sobre projetos sociais em favelas da zona norte, como Jacarezinho e Manguinhos, onde vive parte dos suspeitos identificados em arrastões.

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"Da última vez, recolhemos 112 jovens e vieram cinco pais buscar seus filhos. É uma questão familiar. Mas o Estado tem que estar presente. Vou fazer parcerias com projetos sociais dentro de comunidades para olhar esses jovens, e ninguém os conhece melhor do que as lideranças comunitárias."

A PM informou que a Operação Verão ocorreu das 8h às 20h no sábado e domingo, com a abordagem de 540 ônibus. Três celulares roubados foram recuperados. As praias não ficaram muito cheias porque o sol não estava firme, e também porque as ameaças de arrastões e de ações de justiceiros assustaram os banhistas habituais.

O secretário municipal de Transportes do Rio, Rafael Picciani, anunciou que a partir do próximo sábado 11 linhas de ônibusdeixarão de circular. Elas serão substituídas por cinco linhas com itinerários semelhantes, mas sem superposição. A reforma das linhas de ônibus terá mais duas etapas, em 24 de outubro e 5 de dezembro. Ao final, 70 linhas serão extintas, 126 serão criadas e 41 terão itinerários alterado. Estudo da Secretaria de Transportes concluiu que 64% das linhas que passam pela zona sul do Rio percorrem o mesmo trajeto em 80% dos trajetos.

Segundo o secretário, as linhas não foram extintas antes porque eram operadas por empresas concorrentes. Como hoje são mantidas por um consórcio, não há impedimento para a eliminação. A reforma deve tirar das ruas 35% dos ônibus que circulam atualmente pela zona sul. Ele negou que as mudanças tenham o objetivo de impedir a chegada dos moradores de favelas à orla nobre carioca.

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