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Polícia faz operação anti-drogas no Complexo do Alemão

Cerca de 300 policiais civis participam da operação que prevê o cumprimento de 41 mandados contra suspeitos de tráfico de drogas

Por Tiago Rogero
Atualização:

RIO - Após meses de violência crescente no complexo de favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, Polícia Civil, Secretaria Estadual de Segurança e Ministério Público do Rio (MP-RJ) realizam operação na manhã desta quarta-feira para o cumprimento de 41 mandados de prisão contra suspeitos de tráfico de drogas. Participam da "Operação Urano" cerca de 300 policiais civis de delegacias distritais e especializadas, além da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. Até o momento, 15 pessoas foram presas. A Polícia Militar já havia tentado realizar operação semelhante em julho, com mais de 500 PMs e o resultado de somente um preso. Houve suspeita de vazamento da operação. Entre os detidos na ação de hoje, está o homem apontado por Polícia e MP-RJ como chefe do tráfico: Edson Silva de Souza, conhecido como "Orelha".

Operação da polícia do Rio expediu 41 mandados de prisão nesta quinta-feira Foto: Fabio Motta/Estadão

Segundo a denúncia oferecida à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, o grupo é responsável por ataques a ônibus, às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e até a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Desde o início do ano, seis PMs que trabalhavam nas UPPs de Alemão ou Penha morreram na região dos dois complexos, após ataques de traficantes. De acordo com a Secretaria de Segurança (Seseg), a investigação começou há oito meses com o objetivo de "identificar os responsáveis por tentar desestabilizar o processo de pacificação na comunidade", num trabalho conjunto da delegacia própria do Alemão, a 45ª DP, em parceria com a Subsecretaria de Inteligência. Além dos 41 mandados de prisão, a operação tenta cumprir outros sete mandados de busca e apreensão de adolescentes que também teriam ligação com o tráfico local e os ataques, segundo a Polícia. A organização, segundo o MP-RJ, é ligada ao Comando Vermelho, facção criminosa que controla o tráfico de drogas no Alemão desde antes da "pacificação". O grupo, de acordo com a denúncia, não possuía uma "divisão rígida de tarefas" entre seus integrantes, que em geral se revezavam na execução de suas funções. Abaixo do homem apontado como "gerente geral", Igor Cristiano Santos De Freitas, o "King" ou "Iguinho", estavam 13 gerentes, dois deles menores de idade. Todos tinham a função de, além de receber carregamentos de trocas, fazer a segurança armada das bocas de fumo e "repelir com violência toda e qualquer atividade da polícia", informou o MP-RJ. O Alemão está ocupado pelas forças de segurança desde 2010: primeiro o Exército e depois as UPPs da Polícia Militar. Segundo a Seseg, os criminosos acompanhavam o deslocamento dos policiais pelas comunidades por meio de troca de mensagens pelo celular. "Muitas vezes, eles ficavam em frente à sede da UPP monitorando os passos dos policiais militares, dificultando a prisão em flagrante de criminosos", informou a Seseg.

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