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Polícia ouvirá nesta quarta ex-PM suspeito de envolvimento com morte de Marielle

Orlando Oliveira de Araújo será ouvido pela Divisão de Homicídios, que investiga o crime contra a vereadora. O suspeito deverá ser levado, por decisão da Justiça, para uma penitenciária federal que ainda será definida

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Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO - O ex-PM Orlando Oliveira de Araújo será ouvido nesta quarta-feira, 16, no presídio de Bangu 1, onde está preso, por agentes da Divisão de Homicídios que investigam o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Araújo foi apontado por uma testemunha como um dos mandantes do crime, ao lado do vereador Marcello Siciliano (PHS). Ele nega a acusação.

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O ex-PM Orlando Oliveira de Araújo será ouvido nesta quarta-feira, 16, no presídio de Bangu 1, onde está preso, por agentes da Divisão de Homicídios Foto: Wilton Junior/Estadão

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O delegado Giniton Lages, responsável pela investigação, esteve em Bangu 1 na última quinta-feira para ouvir Araújo, conforme confirmou a Polícia Civil, mas naquela ocasião o preso se recusou a falar. "Ele foi ameaçado pelo delegado, que disse que, se ele confessasse a participação no crime (o assassinato de Marielle), o vereador (Marcello Siciliano) poderia ser preso e ele receberia o perdão judicial. Caso contrário, outros dois crimes seriam imputados a ele e seria ainda pedida a sua transferência para um presídio de segurança máxima no Nordeste", afirmou o advogado Renato Darlan. "Por conta disso, pedimos à Corregedoria o afastamento do delegado deste caso."

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Desta vez houve uma comunicação formal da Divisão de Homicídios sobre a intenção de ouvir o preso, o que será feito nesta quarta-feira, a partir das 13h. "Agora eles fizeram tudo certinho", disse Darlan. "Ele vai falar."

A mulher de Orlando, que prefere não se identificar porque teme por sua segurança, disse que o marido "tem muita coisa para falar". Segundo ela, ele está sendo acusado injustamente no caso Marielle."Ele falou hoje para mim: tem gente por trás disso, é preciso que alguém me ouça."

A mulher do ex-PM chorou durante a entrevista e disse que está sendo ameaçada. Ela saiu da casa onde mora e está vivendo escondida, com a filha. A Justiça negou proteção à família de Araújo, segundo Darlan.

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Suspeitas. Orlando Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, estava preso até a semana passada no presídio de Bangu 9. No último dia 9, no entanto, foi transferido para Bangu 1, de segurança máxima, sob um regime restritivo. Na última segunda-feira foi autorizada a transferência dele para um presídio de segurança máxima.

"Entramos com um habeas corpus para derrubar isso. Queremos que ele fique num lugar seguro, mas não que seja transferido para o Nordeste", explicou Darlan.

Segundo o advogado, há seis dias seu cliente não come. "Houve uma ameaça de envenenamento e ele só comia o que vinha de fora do presídio, e fechado", explicou o advogado. "Ofereceram R$ 1 milhão para quem o envenenasse", disse. Desde que foi para Bangu 1, no entanto, onde não pode receber comida de fora, o preso não está comendo.

Um homem que prestou serviços a uma milícia atuante na zona oeste do Rio de Janeiro procurou a polícia para acusar o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo de planejar a morte da vereadora. essa testemunha narrou à polícia que as conversas sobre a morte de Marielle começaram em junho de 2017. O motivo: a parlamentar do PSOL passou a promover ações comunitárias em bairros da zona oeste que, embora controlados por traficantes, seriam de interesse da milícia.

As conversas sobre o assassinato de Marielle teriam começado em junho passado, mas só em fevereiro deste ano Araújo teria dado a ordem para o crime.

Transferência. A Justiça decidiu nesta semana que ele será levado a uma penitenciária federal de segurança máxima. A decisão é da 5.ª Vara Criminal da Capital. Na decisão foi também determinada a manutenção doex-PM no presídio Bangu 1 até que seja determinado para qual unidade ele será transferido.

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