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Promotoras se afastam da investigação do assassinato de Marielle Franco

Simone Sibílio e Letícia Emile decidiram se afastar da força-tarefa do MP-RJ. Motivo não foi informado. Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada em 2018, disse que a família foi pega de surpresa

Por Fernanda Nunes
Atualização:

RIO - As promotoras de Justiça Simone Sibílio e Letícia Emile decidiram se afastar da força-tarefa que investiga o assassinato da vereadora Marielle Franco  e do seu motorista, Anderson Gomes. Segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, a decisão foi voluntária. O motivo não foi informado. 

As promotoras Simone e Letícia (ao centro da imagem) assumiram o caso em setembro de 2018, seis meses após o assassinato Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO / 12-3/2019

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"A Procuradoria-Geral de Justiça do MPRJ reconhece o empenho e a dedicação das promotoras ao longo das investigações, que não serão prejudicadas. O MPRJ anunciará em breve os nomes dos substitutos das promotoras na força-tarefa", informou, em nota. 

Anielle Franco, irmã de Marielle, disse que a família foi pega de surpresa com a notícia. "Saiu o delegado. Agora, as promotoras. A gente não consegue saber o que está acontecendo. É desesperador. Não podemos perder as esperanças. Mas com tantas mudanças...", afirmou.  

As promotoras Simone e Letícia assumiram o caso em setembro de 2018, seis meses após o assassinato. Segundo Anielle, as duas eram muito próximas da família. Segundo o jornal O Globo, elas teriam optado por deixar as investigações devido a possíveis interferências externas em seus trabalhos. 

No último dia 7, também deixou o caso o delegado Moysés Santana, substituído por Henrique Damasceno como titular da Delegacia de Homicídios (DH) da capital fluminense. Essa foi a terceira mudança de delegado desde o início das investigações. 

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB) atrelou o afastamento voluntário das promotoras à delação premiada de Júlia Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega. Em vídeo, no Instagram, Freixo diz que a situação "é gravíssima" e cobra do governador fluminense, Cláudio Castro (PL), um posicionamento público. 

"Algo aconteceu que as promotoras da força-tarefa, que estão há três anos à frente do caso Marielle, pessoas sérias e corretas, se afastaram. O governador tem que explicar o que a delação tem a ver com o caso Marielle e outros crimes do Rio", afirmou o deputado. "Por que houve a troca do delegado na mesma semana que as promotoras saíram do caso? Uma delação premiada pode ser importante, mas pode estar querendo desviar algum interesse", acrescentou. 

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Adriano Nóbrega morreu durante uma operação da polícia baiana. Ele era acusado de ligação com o "Escritório do Crime", uma organização miliciana do Rio de Janeiro. Sua esposa, Júlia Lotufo, cumpre prisão domiciliar por associação criminosa e lavagem de dinheiro e acertou com o Ministério Público revelar, em delação premiada, informações relevantes sobre crimes cometidos por Adriano. "A informação é de que teria algo importante a dizer sobre o caso Marielle", disse Freixo. 

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