Renascimento do Museu Nacional a partir das cinzas

Pesquisadores estão usando material do próprio incêndio para reconstruir peças em impressoras 3D 

PUBLICIDADE

Por Roberta Jansen
Atualização:
No dia 2 de setembro de 2018, um domingo, um curto circuito num aparelho de ar condicionado no térreo do Palácio São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, deflagrou um incêndio que consumiu durante seis horas boa parte do acervo do Museu Nacional Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

RIO - Pesquisadores do Museu Nacional estão usando as cinzas do próprio incêndio para reconstruir com impressoras 3D peças icônicas da coleção. O valor científico do que foi perdido, claro, não pode ser restaurado, mas, do ponto de vista simbólico, é um marco.

PUBLICIDADE

O Museu Nacional mantém parceria com o laboratório do Instituto Nacional de Tecnologia desde 2002, por conta de um projeto de digitalização de obras raras da biblioteca.

“Posteriormente, surgiu a ideia de usar a tecnologia 3D na paleontologia, com os fósseis”, explicou o paleontólogo Sérgio Alex Azevedo, do Museu Nacional. “Tínhamos como base a tomografia computadorizada e podíamos, por exemplo, saber como era a cavidade encefálica de um dinossauro, ou o que havia dentro de um sarcófago.”

Desde o incêndio, no entanto, o laboratório tem auxiliado no resgate das peças, identificação e reconstituição. “A gente já fazia modelos em 3D com objetivos científicos, de estudar, por exemplo, o modelo, em vez de usar a peça original”, explicou Azevedo. “Hoje, por exemplo, temos modelos de Luzia, que podem servir como base para restauração do que foi encontrado.”

Mesmo antes do incêndio, o grupo já estudava materiais alternativos para a impressão - o objetivo era economizar, pois os materiais importados eram mais caros.

“Quando vimos toda aquela cinza, aquela enorme quantidade de matéria prima que ia para o lixo, tivemos a ideia de testar como material alternativo para a impressão”, explicou. “Todo mundo achou isso o máximo; e, sentimentalmente, é legal mesmo, é bonito. Quando imprimimos uma Luzia, é um símbolo aliado a outro símbolo.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.