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Rio de Janeiro tem menor registro de mortes em todo o ano

Dados mostram resultado da intervenção federal; pesquisadores alertam, porém, para a prioridade a crimes patrimoniais

Por Fabio Grellet e Roberta Jansen
Atualização:

RIO - Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgados nesta semana revelaram que no mês de setembro foram registradas 504 mortes violentas no Estado do Rio de Janeiro - o menor índice do ano. O número de mortes decorrentes de ações policiais continuou aumentando, mas caíram as taxas de homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte. Também foi registrada redução de roubos de carga e roubos de rua.

Jacarezinho. Gabinete entregou armas aos órgãos de segurança pública do Estado Foto: Fábio Motta/Estadão-20/9/2018

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A intervenção federal na segurança, que começou em fevereiro, está prevista para terminar em dezembro. Pesquisadores do setor de segurança, porém, ressaltam que a prioridade dos interventores tem sido o combate a crimes patrimoniais.

O indicador “letalidade violenta” (que reúne homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial) teve queda de 13% em relação a setembro de 2017. Em relação ao mês anterior (agosto, quando foram registrados 552 casos), a queda foi de 9%. Já na comparação do terceiro trimestre (julho, agosto, setembro) com o trimestre anterior (abril, maio e junho), houve diminuição de 7%.

A queda da letalidade violenta ocorreu por causa da redução de homicídios dolosos, que foram 380 em setembro. O número representa queda de 17% em relação a setembro do ano passado e aumento de 6% em relação ao mês anterior (358). 

Críticas

Especialistas ouvidos pelo Estado criticam a política de segurança adotada pelo Gabinete de Intervenção. “Comparando os registros de disparos de arma de fogo em relação aos oito meses anteriores e em relação ao mesmo período do ano passado, vemos um aumento significativo, de 41% e 59% respectivamente”, explicou a socióloga Maria Isabel Couto, do Fogo Cruzado, que monitora tiroteios na região metropolitana. “A intervenção não foi capaz de resolver o problema da violência armada, que afeta muito a vida do cidadão e dos próprios agentes de segurança.”

Os crimes contra o patrimônio apresentaram reduções significativas no mês passado. Houve 577 registros de roubos de carga em setembro de 2018, o menor número registrado desde setembro de 2015. No mês anterior haviam ocorrido 673 casos. Em setembro houve 10.251 roubos de rua (soma de roubos a transeunte, roubos de aparelho celular e roubos em ônibus), ante 10.854 em agosto. “Quando olhamos os números, percebemos que, quando há uma prioridade, a segurança funciona; tanto que há essa redução dos crimes patrimoniais”, afirmou o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Lima. “É uma medida política.”

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Na manhã de ontem, o Gabinete da Intervenção entregou 700 armas aos órgãos de segurança pública: 200 carabinas calibre 12 para a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e 500 fuzis 5.5 para a Polícia Militar (PM). O governador Luiz Fernando Pezão (MDB), que participou do evento, elogiou a intervenção e defendeu sua continuidade.

Confrontos

108 foram as mortes decorrentes de intervenção policial, avanço de 2% em relação a setembro de 2017 (106), mas queda de 38% em relação a agosto (175).

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