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Rio deve usar volume morto de reservatório do Paraíba do Sul

Agência federal pode autorizar retirada em reunião marcada para a próxima semana; nível médio dos reservatórios é de 2,6%

Por Felipe Werneck
Atualização:
Rio Paraíba do Sul vai 'abastecer' o Sistema Cantareira, principal manancial de São Paulo Foto: Werther Santana/Estadão

RIO - A Agência Nacional de Águas (ANA) deverá autorizar o uso do chamado volume morto (não operacional) de pelo menos um dos reservatórios da bacia do rio Paraíba do Sul. A decisão será tomada após reunião, prevista para a próxima semana, do Grupo de Trabalho que acompanha a operação na bacia, formado por representantes do setor elétrico e dos governos do Rio, de São Paulo e de Minhas Gerais.

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O nível médio dos quatro reservatórios está, nesta sexta-feira, 9, em 2,6%. A situação melhorou um pouco em relação a 22 de dezembro, quando o índice chegara a 1,7%, mas a situação é crítica no maior dos reservatórios. Paraibuna apresentava nesta sexta apenas 0,56% de volume útil. Em relação à capacidade total do reservatório, o volume útil representa 56%, e o morto, 44%.

“O Paraibuna é a ‘caixa d’água’ da bacia. Tudo se encaminha para o uso do volume morto”, diz Paulo Carneiro, que coordenou o Plano Estadual e Recursos Hídricos. Ele destaca, porém, que essa parte do reservatório não foi projetada para substituir a vazão de um rio. “Há uma série de dificuldades técnicas para uso do volume morto nas proporções que podem ser necessárias”, diz o pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ele avalia que a situação é preocupante, porque a região vai entrar no período seco com níveis muito baixos nos reservatórios. “A crise hídrica em 2015 está contratada”, afirma Carneiro. “Não é nenhuma surpresa que a situação ia se agravar. O índice de chuvas está abaixo da média histórica e ninguém esperava uma recuperação dos reservatórios, mesmo com as recentes decisões da ANA de reduzir as vazões.”

O governo do Rio continua sustentando que não há risco imediato de racionamento de água na região metropolitana. Municípios do interior, porém, estão sofrendo as consequências da longa estiagem, principalmente na agricultura. Está em discussão na ANA a proposta do governo de São Paulo de interligar o reservatório Jaguari, na bacia do Paraíba do Sul, ao reservatório Atibainha, que integra o Sistema Cantareira, bacia do rio Piracicaba.

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