RJ vai remanejar 1/3 de PMs de UPP para atuar no policiamento ostensivo

Três mil agentes deixarão de atuar na área administrativa; secretário diz que unidades não serão prejudicadas

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Por Marcio Dolzan e Wilson Tosta
Atualização:
Pesquisa apontou que a maior parte dos moradores de favelas com UPPs não considera que elas tenham melhorado sua vida ou sensação de segurança Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

RIO - O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, anunciou nesta terça-feira, 22, remanejamento de 3 mil policiais militares das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) – um terço do efetivo do programa – para o patrulhamento regular nas vias da região metropolitana do Rio. 

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Em meio ao aumento nos indicadores de criminalidade e à crise financeira, o Estado deu a maior guinada na história do projeto, iniciada em 2008, mas com o discurso de que nada de essencial vai mudar. “Todas as UPPs serão mantidas”, ressaltou Sá, que afirmou que os PMs que serão remanejados estão na área administrativa. 

Já para o especialista em segurança Paulo Storani, oficial da reserva da PM e antropólogo, as unidades deram “um passo atrás” e o modelo agora troca o policiamento comunitário pelo “enfrentamento”.

Segundo a secretaria, quase todos os 3 mil policiais trabalham em serviços administrativos, mas “alguns” atuam diretamente nas UPPs em atividades como guarda de armas. Mesmo com a redução do efetivo, o comando da segurança pública assegura que não haverá prejuízo no policiamento nas comunidades. A justificativa é de que as UPPs ficarão vinculadas aos batalhões da PM mais próximos, com ajustes de escalas.

De acordo com Sá, as mudanças não significam um enfraquecimento das UPPs. “A UPP não vai acabar. Vai manter. Há o compromisso com o interesse público”, garantiu. “A gente vai conseguir manter a atividade-fim e ela vai ser gerida pelos batalhões. Isso é gestão pública.”

As oito unidades instaladas nos Complexos da Penha e do Alemão formarão um Batalhão de Polícia Pacificadora. As demais – há unidades em 38 favelas do Rio – ficarão vinculadas aos batalhões da PM.

Distribuição. A PM informou que a região metropolitana concentra 86,5% dos crimes violentos no Estado. A redistribuição apresentada nesta terça colocará 1.100 PMs nas ruas da capital, 900 em municípios da Baixada Fluminense e 550 nas cidades de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (Grande Rio). Outros 300 policiais atuarão em vias expressas e 150 em áreas turísticas. 

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A transferência de policiais das UPPs para policiamento ostensivo foi a maneira encontrada pela Secretaria de Segurança e pelo Comando da PM para devolver policiais às ruas em um momento de crise. Segundo Roberto Sá, 4 mil PMs já foram aprovados em concurso, mas não podem ser contratados agora, por causa das dificuldades financeiras do Estado. 

“Conseguir colocar mais 3 mil policiais nas ruas, reforçando as unidades convencionais, é um aspecto muito importante”, defendeu o comandante-geral da PM, Wolney Dias. Ele ressaltou que, além da impossibilidade de contratar novos policiais, em média cinco PMs deixam de atuar no Estado do Rio todos os dias, com aposentadorias, licenças, mortes e saída voluntária da corporação. 

Já Storani disse que a decisão desta terça é “boa para o policiamento no asfalto, que sofre um déficit muito grande desde a criação das UPPs”. “Mas é óbvio que caminha a UPP para o seu ocaso”, ressaltou. 

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