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Sábado sem BRT e com menor oferta de barcas e ônibus no Rio

Os articulados voltarão a circular só quando a distribuição de combustível for restabelecida. A CCR Barcas reduziu em 8% o número de travessias e apenas 23% da frota de ônibus da cidade está em circulação

Por Roberta Pennafort
Atualização:
A Estação Praça Seca do BRT, no Rio de Janeiro, que teve seus serviços suspensos por tempo indeterminado devido à falta de combustível Foto: MARCOS VIDAL / FUTURA PRESS

O sábado dos cariocas amanheceu sem BRT, com menos barcas para Niterói e menor oferta de ônibus, por causa da falta de combustível, decorrente da greve dos caminhoneiros. O BRT suspendeu todos os serviços dos corredores expressos Transoeste, Transcarioca e Transolímpica "por tempo indeterminado", segundo informou o consórcio. Os estoques de diesel das empresas consorciadas estão zerados, conforme nota divulgada ontem, 25, à noite. Os articulados voltarão a circular só quando a distribuição de combustível for restabelecida.  A CCR Barcas já havia informado que desenvolveu um plano de emergência para vigorar até segunda-feira, 28, por causa da falta de combustível para as barcas. A linha Arariboia (Rio-Niterói) não funcionará hoje. Nas linhas Charitas (Niterói), Paquetá e Cocotá parte das viagens foi cancelada. As medidas foram autorizadas pela Secretaria de Estado de Transportes e irão gerar uma redução de 8% no número de travessias realizadas pela concessionária regularmente. Os ônibus comuns também estão circulando em menor quantidade na manhã deste sábado, 26. Segundo a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), somente 23% da frota está em circulação por causa da falta de combustível. “As empresas têm remanejado a frota de forma a atender melhor à população nos horários de pico”, informa nota oficial. “Caso a situação não seja normalizada, há risco de paralisação total do sistema”, diz ainda o comunicado. Táxis e Uber não foram afetados drasticamente, porque a maior parte se utiliza de gás natural. O governador Luiz Fernando Pezão enviou na sexta-feira à Assembleia Legislativa do Rio um Projeto de Lei (PL) que propõe a redução da alíquota de ICMS do diesel no Estado de 16% para 12%, como resultado de acordo firmado entre o governo, transportadoras de combustível e o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Rio, em reunião realizada nesta quinta-feira, 24. O PL será votado na casa em regime de urgência na próxima semana. Na justificativa, o governador diz que a redução é importante em face aos impactos e transtornos causados pelos protestos dos caminhoneiros em todo o Brasil. A decisão irá regular a alíquota do diesel do Rio em relação aos vizinhos São Paulo e Espírito Santo, que já praticam os 12%. 

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APLICATIVOS. Cerca de 300 motoristas particulares de aplicativos de transporte (Uber, Cabify, 99 Táxi) foram na manhã deste sábado, 26, para a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, se juntar a caminhoneiros, informou a Associação de Motoristas Particulares Autônomos do Rio. Eles disseram que também sofrem com o aumento dos combustíveis e com outras mazelas da profissão.

Em greve, os caminhoneiros estão na Reduc desde a madrugada do domingo, 20. Os motoristas de aplicativos demonstraram apoio na quinta-feira na refinaria, e estão voltando neste sábado. "A luta deles é a nossa, é a de todos os brasileiros. A gente passa pelos mesmos problemas, o aumento dos combustíveis, a falta de segurança. A diferença é que eles transportam cargas, e nós, pessoas", justificou Dênis Moura, presidente da associação de motoristas, criada em 2015.

Ele disse que parte dos veículos usa gás natural e não foi afetada pelo aumento do combustível; parte, gasolina ou álcool. O gás natural também aumentou. "No início do mês, estava R$ 2,09; agora custa R$ 2,79. A gente enche o tanque duas vezes por dia para rodar 300 km, o impacto é muito grande", afirmou Moura.

A população doou comida a caminhoneiros que estão na porta da Reduc, contou neste sábado Francisco Silva, representante do movimento dos caminhoneiros. Ele disse que há 400 pessoas na porta da Reduc no momento, entre profissionais e populares.

"Levaram cachorro-quente, água, biscoito. As pizzarias da região doaram pizzas. Isso foi a madrugada toda. A população está solidária porque não aguenta mais esses desmandos. A gente não contava com essa adesão. Mas a greve não é dos sindicatos, é de todo mundo. A gente vai continuar a nossa luta. Saquearam a Petrobras, a população não quer pagar a conta", disse Silva.

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