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Tijuca, Viradouro e Salgueiro despontam como favoritas na primeira noite

Depois de nove horas de desfile e 45 minutos de atraso por causa da chuva, sete escolas passaram pela Sapucaí

Por Fabio Grellet e Fernanda Nunes/RIO
Atualização:

Unidos da Tijuca, Unidos do Viradouro e Acadêmicos do Salgueiro despontaram como candidatas ao título do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro neste ano, após a primeira noite de exibições, que se estendeu por mais de 9 horas, entre a noite de domingo, 3, e a manhã desta segunda-feira, 4. As duas primeiras tinham algo em comum: recebiam de volta carnavalescos de muita fama e títulos, que já haviam trabalhado nessas agremiações.

Unidos da Tijuca é a sétima escola a desfilar na Marquês de Sapucaí. Foto: WILTON JUNIOR

Após 24 anos consecutivos (e outros nove intercalados, com 13 títulos no total) na Beija-Flor, Laíla saiu um tanto menosprezado pela direção da escola, mesmo após o título de 2018, e retornou à Tijuca, onde já havia trabalhado de 1980 a 1983. Levou consigo o auxiliar Fran Sérgio, e os dois se juntaram ao trio de carnavalescos que já trabalhava na Tijuca. Pois a escola discorreu sobre o pão e fez um desfile praticamente sem defeitos: carros alegóricos e fantasias estavam luxuosos e muito bem acabados, o enredo foi narrado de forma bastante compreensível e não houve correria nem imprevistos.

Já a Viradouro recebeu de volta Paulo Barros, quatro vezes campeão (2010, 2012, 2014 e 2017) e que já havia trabalhado na escola de Niterói (Região Metropolitana do Rio) em 2007 e 2008. Após três anos na Série A, a segunda divisão das escolas de samba, a Viradouro voltou à elite com um desfile que a credencia a brigar pelo título. O enredo narrou histórias infantis sob a ótica de um adulto - que reencontra o livro cujas histórias sua avó lhe contava durante a infância. Entre Cinderelas, Brancas de Neve e soldadinhos de chumbo, sobraram encenações e alegorias humanas, marcas registradas de Paulo Barros. Destaque para bruxas que voavam a dez metros de altura - presas por cabos, precisaram ficar quatro horas sem ir ao banheiro - e para o motoqueiro fantasma que descia de um carro alegórico (caracterizado como cemitério) e pilotava sua máquina pela Sapucaí. O público ia ao delírio a cada surpresa.

A rainha de bateria, Raissa Machado, durante a concentração da agremiação Unidos do Viradouro. Foto: Fabio Motta/Estadão

O Salgueiro não foi novidade: terceiro colocado no ano passado, trocou a diretoria (numa disputa judicial que se prolongou de maio a dezembro passados), mas manteve o carnavalesco Alex de Souza, que prestou homenagem a Xangô, o orixá da justiça. Um bom samba contagiou a plateia, e não faltaram luxo e criatividade.

Na foto, a rainha de bateria, Viviane Araújo. Foto: Fabio Motta/Estadão

A Beija-Flor, cujo desfile era cercado de expectativa tanto porque é a atual campeã como porque o enredo era a história da própria escola, que está completando 70 anos, desperdiçou a oportunidade de conquistar o bicampeonato com um desfile sem brilho, com fantasias simples e sem nenhuma surpresa. Seguiram-se alas representando anos importantes de desfile, como 1976, quando a escola conquistou o primeiro título, com o enredo "Sonhar com rei dá leão", e 1989, quando uma alegoria do Cristo Redentor que a Justiça proibiu de usar foi levada ao desfile coberta por um plástico preto e com um cartaz onde se lia "mesmo proibido, olhai por nós". Em vez de reproduzir o carro alegórico, neste desfile a Beija-Flor preferiu fazer uma alegoria cheia de ratos e mendigos para simbolizar esse enredo.

Na foto, o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Claudnho e Selminha Sorriso. Foto: Wilton Júnior/Estadão

A Grande Rio também fez um desfile mediano, com um enredo que mostrava como deslizes, gafes e viradas de mesa são habituais no Brasil.

Na foto, a rainha de bateria da Grande Rio, Juliana Paes. Foto: Wilton Júnior/Estadão

Os piores desfiles foram apresentados pelo Império Serrano, que discorreu sobre os altos e baixos da vida, e a Imperatriz Leopoldinense, que falou sobre o dinheiro e teve problemas em um carro alegórico. O Império apostava em "O que é, o que é?", clássico samba de Gonzaguinha usado como samba-enredo, para contagiar a plateia - e isso realmente aconteceu, mas não apagou os erros da escola. Até o letreiro luminoso que anunciava o nome da escola tinha defeitos - três letras estavam apagadas.

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Cantando Gonzaguinha, Império Serrano abriu primeira noite de desfiles do Rio de Janeiro. Foto: Fabio Motta/Estadão
Sexta escola a desfilar no Rio de Janeiro, Imperatriz Leopoldinense. Foto: Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

A partir das 21h15 desta segunda-feira desfilam as outras sete escolas do Grupo Especial: São Clemente, Vila Isabel, Portela, União da Ilha, Paraíso do Tuiuti, Mangueira e Mocidade Independente.