Um PM morre e outro fica ferido em conflito em São Cristovão

Horas antes, dois PMs foram cercados e sofreram humilhações na subida da Rocinha, na zona sul do Rio

PUBLICIDADE

Por Daniele Carvalho
Atualização:

Um policial militar morreu e outro ficou ferido, na noite de sábado, ao serem atacados por traficantes em São Cristóvão, na zona norte, numa represália à recuperação de veículos roubados. Horas antes, na subida da Rocinha, na zona sul, dois policiais foram cercados e sofreram humilhações também como resposta à morte de dois criminosos na Avenida Niemeyer, numa troca de tiros ocorrida na manhã de sábado. A Polícia Militar não confirmou que os policiais tenham sofrido agressões físicas, mas informou que será aberta sindicância para apurar o caso. O governador Sérgio Cabral classificou o episódio como "covardia". Ele disse que já conversou como secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, sobre o que ocorreu na Rocinha e a morte do PM e disse que sua orientação é lidar com esses ataques "com inteligência, sem ação pirotécnica". "Estamos numa luta e que não há mudança de posição. É o combate à criminalidade. Essa é uma luta incessante de nossa parte para enfrentar esta criminalidade, que é muito bem armada", afirmou o governador, que participou ontem a Parada do Orgulho Gay, em Copacabana. Ele disse ainda que ficou "chocado" ao receber a notícia da morte de um policial no Largo do Pedregulho, em São Cristóvão. "Isso demonstra a conduta cruel desses grupos armados." O cabo Emerson Severiano Pereira e o sargento Aurênio Costa Lima, lotados no Módulo Operacional de Vias Especiais (MOVE), passavam pelo Largo do Pedregulho, quando o carro em que estavam foi atacado por cerca de dez traficantes. Um tiro de fuzil atingiu Severiano na cabeça. O sargento Aurênio, que tentou reagir, foi baleado na perna. Eles foram levados para o Hospital Central da PM, onde o cabo morreu. De acordo com informações da Polícia Militar, o ataque aconteceu por volta das 23h30, uma hora depois de policias do 22º BPM (Penha), na zona norte da cidade, terem trocado tiros com os mesmos traficantes, que seriam do Morro da Mangueira. Os criminosos estavam em cinco motocicletas e um Vectra roubados no Largo do Pedregulho. Depois de intensa troca de tiros, os policiais conseguiram recuperar os seis veículos roubados. Durante o confronto, vários carros e ônibus, que trafegavam pela Rua São Luiz Gonzaga, em São Cristóvão, voltaram em marcha à ré ou pela contramão. Os traficantes voltaram ao Largo do Pedregulho e dispararam contra o carro em que estavam Pereira e Lima. Eles não haviam participado da operação. Para o resgate dos policiais foi acionado um carro blindado. O corpo do cabo foi enterrado no fim da tarde de ontem, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, zona Oeste. Na Rocinha, dois policiais faziam patrulhamento num das acessos da favela, quando foram cercados por cerca de 50 pessoas, na noite de sábado. Eles teriam sido humilhados e, segundo informações do RJTV, obrigados a entregar suas armas, que foram desmontadas e devolvidas. A assessoria de imprensa da PM confirmou que ocorreram "humilhações", sem especificá-las. A atitude do grupo foi uma resposta à morte de dois homens que haviam assaltado um casal na Rua Henrique Drumont, em Ipanema. Eles morreram numa troca de tiros com policiais na Avenida Niemeyer. Os homens estavam em um Peugeot roubado. Colaborou: Clarissa Thomé

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.