Uma nova parada no caminho do Cristo

Inaugurado pouco antes da Olimpíada, Centro de Visitantes Paineiras virou ponto de encontro

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Por Clarissa Thomé
Atualização:
FABIO MOTTA/ESTADÃO Foto:

RIO - Tem quem pare ali para um chope no fim de tarde. Já o pessoal da bicicleta faz um pit-stop para o suco do início da manhã. E tem a turma que toma banho de cachoeira nos fins de semana e termina o programa no restaurante, com mesinhas espalhadas por um deck de seis metros de comprimento por sobre as copas das árvores da Floresta da Tijuca. O Centro de Visitantes Paineiras, inaugurado pouco antes da Olimpíada para recepcionar os turistas que vão ao Cristo Redentor, se tornou ponto de encontro para frequentadores do Parque Nacional da Tijuca.

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O Centro ocupa o antigo Hotel Paineiras, incrustado na floresta, a 465 metros de altitude. Inaugurado em 1884 pelo imperador d. Pedro II, hospedaram-se ali desde estrelas como a atriz Sarah Bernhardt, a presidentes, como Washington Luiz, Café Filho e Getúlio Vargas. Foi ainda concentração da seleção brasileira de futebol, do Vasco e do Fluminense. Encerrou as atividades em 1982 e passou 34 anos abandonado. 

Nesse período, a umidade de infiltrações e da própria floresta que cerca o prédio deteriorou a construção. A reforma durou 11 meses. “A cobertura havia caído, o piso de tábua corrida estava destruído. Aproveitamos o máximo de materiais para manter elementos originais e evitar a descaracterização do prédio”, explica a arquiteta Juliana Neves, da Kube Arquitetura, responsável pela reforma.  Parte da tábua corrida foi recuperada e reaproveitada no revestimento da bilheteria; o piso de azulejo hidráulico foi mantido no alpendre, onde ficam o Bar Paineiras e a lanchonete Naturê, com vista para a floresta, o Hipódromo da Gávea e a Praia do Leblon. No Restaurante Mirante Paineiras, os azulejos usados desde a época da inauguração foram mantidos. 

Filas no Cristo. A criação do Centro de Visitantes é um alívio para quem vai ao Cristo. O monumento tem capacidade para 1,5 mil pessoas ao mesmo tempo. Mas na alta temporada recebe o dobro. O resultado eram filas imensas. As pessoas esperavam por duas horas, em pé, sob o sol, para embarcar em vans que levassem ao topo do Corcovado. Ficavam nas ruínas do antigo hotel, sem conforto.

“O Cristo está no Corcovado, mas é importante lembrar que faz parte do Parque Nacional da Tijuca, e a visitação tem de ser pensada de forma que cause o menor impacto possível. Criamos um novo modelo de visitação para minimizar isso”, disse Pablo Morbis, diretor do Consórcio Paineiras-Corcovado.

Com a reforma do hotel, o turista embarca em vans até o Centro de Visitantes e lá recebe uma senha para seguir até o monumento. Enquanto espera, pode passear pela loja; visitar a exposição interativa sobre o parque; e fazer refeições na lanchonete, no bar ou no restaurante.

Os embarques são feitos em pontos do Largo do Machado e de Copacabana (R$ 56 na baixa temporada e R$ 68 na alta) e Barra da Tijuca (R$ 88 e R$ 100). Há ainda a opção de seguir de carro até as Paineiras e pagar apenas o ingresso do centro até o Cristo (R$ 26 e R$ 38).

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"Quando eu era criança, vinha de carro e tinha de andar até o Cristo. Agora está mais organizado e confortável. E ainda dá para aproveitar o passeio, almoçar com a família”, afirmou Sandra Trindade, de 36 anos, que mora em Guarulhos e visitou o Cristo com o marido, Alexandre Serra, de 37, e os filhos, Guilherme, de 7, e Caroline, de 4.

Pensado para o visitante do Cristo, o centro logo caiu nas graças dos moradores da cidade. O funcionário público Antônio Miranda, de 43 anos, que vive na Tijuca, zona norte, costuma frequentar as Paineiras. “De vez em quando, dou uma fugida para um chope. No fim de semana, venho pedalar para queimar a cervejinha”, contou ele. 

Outra que pedala nas Paineiras é a ex-jogadora de vôlei Fernanda Venturini. “Pedalo ali há seis anos. Depois que você fica boa, consegue chegar ao Cristo. Isso aqui ficou muito tempo abandonado. Vinha turista do mundo inteiro e ficava sob o sol, naquela espelunca. Agora ficou muito bonito”, afirmou.