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Justiça expede mandado de prisão contra Rogério 157 e outros 4

Chefe do tráfico da Rocinha é acusado de matar PM; Forças Armadas e polícia o procuram desde a explosão da violência na favela

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - A Justiça do Rio de Janeiro decretou nesta quarta-feira, 27, a prisão de Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, atual chefe do tráfico da Favela da Rocinha, na zona sul do Rio. Ele é acusado de homicídio qualificado. Acusado da morte de um policial militar, o traficante está sendo procurado no morro e em outras comunidades pela polícia e pelas Forças Armadas por causa da guerra pelo controle da venda de drogas na Rocinha, iniciada no dia 17.

Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, é considerado o chefe do tráfico de drogas na região da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro Foto: Procurados/Polícia Civil

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O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, do 3º Tribunal do Júri da capital, expediu mandados também contra Ivan da Silva Martins (Ivanzinho), Alan Francisco da Silva (Bilan), Michael Ferreira de Souza (Rabicó) e Horácio Ferreira do Nascimento (Orelhinha), comparsas dele, todos também pelo crime de homicídio qualificado. 

"O perfil violento, em especial destes denunciados, e a certeza de impunidade dos integrantes do tráfico da localidade onde ocorreram os fatos têm levado a prática deste tipo de conduta corriqueiramente no nosso Estado. Estes acusados, liderados, pelo menos os indícios sugerem, pelo acusado de vulgo Rogerinho 157 são os responsáveis pelo atual clima de terror na comunidade da Rocinha, travando guerra sangrenta responsável pela intervenção das tropas federais no Estado", escreveu o juiz em sua decisão.

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De acordo com a denúncia do Ministério Público, no dia 23 de julho, no Vidigal, morro próximo à Rocinha, os réus atiraram em um grupo de onze policiais militares que faziam patrulhamento de rotina na comunidade. No tiroteio, um deles morreu.

"Não é necessária grande construção lógica para se ver o quanto a sociedade carioca anda assombrada com a onda de violência promovida em todas as vias públicas por criminosos armados de fuzis, todos integrantes das quadrilhas de traficantes. Não se trata, peço venias a quem entenda de forma diversa, de argumento genérico. Vejo como efetiva promoção de terror emocional no povo", pontuou o magistrado.

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Entenda o que desencadeou a onda de violência na Rocinha

A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo, 17, quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. No domingo, os tiroteios deixaram um morto.

Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão. A relação pode ter piorado depois da união da ADA com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.

Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos a tentar retomar a favela. A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continua no alto do morro, segundo informações da Polícia. Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também estaria no local. Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.

Militares em meio aos moradores da Rocinha Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

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Na segunda-feira, 18, o porta-voz da Polícia Militar do Rio, major Ivan Blaz, e o delegado-titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, admitiram que sabiam que poderia haver confronto entre traficantes na Rocinha no dia anterior.Blaz afirmou que a Polícia Militar não agiu com mais força para acabar com o confronto porque a intervenção poderia vitimar moradores. Já Ricardo acrescentou que não sabia que o confronto, que durou cinco horas, "seria desta proporção".

Na quarta-feira, 20, o governador do Rio afirmou que soube na madrugada do domingo que haveria confronto entre traficantes e pediu que a polícia não interviesse, o que causou polêmica.

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