Tiroteios na região metropolitana do Rio aumentam 82% neste ano

Disparos já deixaram 472 mortos e 409 feridos; segundo dados do Fogo Cruzado, ocorrências cresceram após intervenção federal

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Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - A região metropolitana do Rio de Janeiro registrou 2.389 tiroteios ou disparos de armas de fogo nos primeiros 100 dias de 2018, segundo relatório divulgado nesta terça-feira, 10, pelo laboratório de dados Fogo Cruzado. Embora o centésimo dia só acabe à meia-noite do dia 10, o órgão encerrou o balanço às 9 horas. No mesmo período de 2017, o laboratório registrou 1.311 episódios, o que indica ter havido um crescimento de 82,2% em 2018. Neste ano, os tiroteios deixaram pelo menos 472 mortos e 409 feridos.

Segundo o levantamento do Fogo Cruzado, a Cidade de Deus, na zona oeste do Rio de Janeiro, é a segunda área com maior número de tiroteios em toda a região metropolitana Foto: Fábio Motta/Estadão

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No município do Rio, foram registrados 1.443 tiroteios nos 100 primeiros dias de 2018, enquanto no mesmo período foram 883 episódios - aumento de 63,4% em um ano. Esses casos deixaram pelo menos 200 mortos e 246 feridos. Em 196 ocasiões havia a presença de agentes públicos de segurança - nas demais, os tiroteios provavelmente tenham sido confrontos entre criminosos.

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Três bairros da zona oeste lideram a lista de áreas com mais tiroteios. A campeã é a Praça Seca, com 105 episódios; seguida pela Cidade de Deus, com 96 tiroteios; e Vila Kennedy, com 63. Em quarto lugar figuram o Complexo do Alemão, na zona norte; e a Rocinha, na zona sul, ambos com 60 tiroteios. Na sequência estão Bangu, na zona oeste, com 52 tiroteios; Tijuca, na zona sul, com 44; Realengo, na zona oeste, com 36; Maré, na zona norte, com 34, e Acari, na mesma região, com 30. Entre os dez bairros com mais tiroteios em 2018, portanto, cinco ficam na zona oeste, quatro na zona norte e um na zona sul.

++. À 'caça' de tiroteios sem sair de casa

O segundo município da região metropolitana do Rio com mais tiroteios em 2018 é São Gonçalo, com 242. Em 2017, havia registrado 126, o que representa aumento de 92%. O maior aumento de 2017 para 2018, no entanto, foi em Belford Roxo, que nos dois anos figurou como terceiro município com mais tiroteios na região metropolitana do Rio. Foram 30 em 2017 e 177 em 2018, aumento de 490%.

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Niterói está em quarto lugar, passando de 57 tiroteios em 2017 para 138 em 2018 (aumento de 142%), e Nova Iguaçu figura em quinto, passando de 52 tiroteios em 2017 para 107 neste ano (aumento de 105,7%).

Na Baixada Fluminense foram registrados neste ano 510 tiroteios, com pelo menos 131 mortos e 82 feridos. Em 72 episódios havia a participação de agentes públicos de segurança.

Intervenção

O Fogo Cruzado fez uma comparação entre os tiroteios registrados antes e depois da intervenção federal na segurança pública do Rio, oficializada em 16 de fevereiro. De 1º de janeiro a 15 de fevereiro (46 dias), foram registrados 1.037 tiroteios ou disparos de armas de fogo, enquanto de 16 de fevereiro a 10 de abril (54 dias) houve 1.352 trocas de tiros. A média diária de tiroteios aumentou após a intervenção, passando de 22,5 para 25.

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Resposta

Consultada sobre os dados do Fogo Cruzado, a Secretaria Estadual de Segurança do Rio (Seseg) afirmou em nota que "tem como prioridade a preservação da vida e a redução de índices de criminalidade no Estado" e que para isso "criou medidas estruturantes como o Grupo Integrado de Operações de Segurança Pública, no Centro Integrado de Segurança Pública, e a delegacia especializada para o combate ao tráfico de armas, a Desarme, para atacar as causas da letalidade violenta".

A pasta informou ainda que as estatísticas oficiais de criminalidade no Rio são divulgadas mensalmente pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

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"Estes dados abastecem o planejamento estratégico para o monitoramento e combate à mancha criminal", afirmou a secretaria.