Preso suspeito por morte de Marielle é filiado ao DEM

Élcio Vieira de Queiroz tem inscrição ativa no partido; já Ronnie Lessa foi filiado ao MDB, mas saiu em 2010

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Por Caio Sartori
Atualização:

Preso na manhã desta terça-feira, 12, acusado de dirigir o carro onde estavam os assassinos da vereadora Marielle Franco, o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz é filiado ao DEM no Rio de Janeiro. Com inscrição registrada em julho de 2011 e ainda ativa, Élcio vota na zona eleitoral 214, no Meier, zona norte da cidade, próximo ao local onde mora e foi preso.

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O presidente do partido no Estado é o vereador e ex-prefeito Cesar Maia, uma das figuras mais importantes da política fluminense nas últimas décadas. Ele é pai do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também do DEM-RJ.

Em nota enviada ao Estado, a legenda afirmou que vai aplicar a "sanção sumária de expulsão", cancelando a filiação partidária por "descumprimento dos deveres éticos previstos estatutariamente." O diretório nacional do DEM também reforçou que "repudia, de forma veemente, quaisquer atos de violência ou atentatórios ao Estado Democrático de Direito."

Ronnie Lessa, à esquerda, e Elcio Vieira de Queiroz foram presos nesta terça-feira, 12 Foto: Imagens cedidas pela polícia/EFE

Já o preso acusado de disparar contra a vereadora, Ronnie Lessa, foi filiado ao MDB de 1999 até 2010, segundo a base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sua filiação se deu menos de um ano depois de ter sido homenageado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pelo falecido deputado estadual Pedro Fernandes Filho,  quadro histórico do partido no Estado.

A homenagem, protocolada em 23 de novembro de 1998, foi  justificada por Fernandes pelo modo como Lessa e outros 17 policiais do 9º Batalhão de Polícia Militar, em Irajá, haviam conduzido uma operação.

"Sem nenhum constrangimento posso afirmar que o referido militar é digno desta homenagem por honrar, permanentemente, com suas posturas, atitudes e desempenho profissional, a sua condição humana e de militar discreto mas eficaz. Constituindo-se, deste modo, em brilhante exemplo àqueles com quem convive e com àqueles que passam a conhecê-lo", diz a homenagem.

Saiba quem são os presos e entenda o caso

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Ronie Lessa, policial militar reformado, e Elcio Vieira de Queiroz, expulso da Polícia Militar, foram denunciados por homicídio qualificado e por tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, uma das assessoras de Marielle que também estava no carro.

Lessa, de 48 anos, mora no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem uma casa, na Barra da Tijuca, no Rio. Nas redes sociais, Queiroz é simpatizante do presidente Bolsonaro. Ele curte as páginas oficiais do PSL Carioca, de Flavio Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro.  

Lessa também seria dono de uma outra mansão, no condomínio de luxo Portogalo, em Angra dos Reis, na Costa Verde, onde haveria, inclusive uma lancha, segundo a investigação da Delegacia de Homicídios e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio. E tinha um carro avaliado em mais de R$ 100 mil, um Infiniti FX35 V6.

De acordo com a investigação que culminou na prisão de Lessa e do ex-PM Élcio Queiroz, os bens seriam incompatíveis com um salário de policial na reserva, da ordem de R$ 8 mil mensais. 

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Aparentemente, Lessa não fazia questão de disfarçar os sinais aparentes de riqueza - a despeito do soldo policial. Para os policiais, ele estaria muito seguro da impunidade de suas ações criminosas.

A prisão é resultado de uma operação conjunta do Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Além dos mandados de prisão, a Operação Lume cumpre mandados de busca e apreensão em endereços dos dois acusados para apreender documentos, celulares, computadores, armas, munições e outros objetos. Em coletiva nesta manhã, o governador do Rio, Wilson Witzel, disse que os presos podem pensar em delação premiada

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